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Além de Brics, Lula vai buscar contato com líderes europeus para discutir tarifaço de Trump

Brasileiro deve telefonar para líderes como os presidentes da África do Sul e da União Europeia

Lula deve telefonar para os presidentes da União Europeia, Úrsula Von der Leyen e da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer. - Reprodução/CanalGov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer usar a defesa do multilateralismo como mote para a reunião que pretende fazer, por meio de videoconferência, com líderes do Brics e europeus, para discutir o tarifaço dos Estados Unidos.

Na próxima semana, Lula deve telefonar para os presidentes da União Europeia, Úrsula Von der Leyen e da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer.

Também serão convidados para a conversa o presidente da França, Emmanuel Macron, e o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz. Nos últimos dias, Lula telefonou para os presidentes da China e da Rússia, Xi Jinping e Vladimir Putin, e com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

Para a videoconferência acontecer, é preciso compatibilizar as agendas, não apenas de compromissos, mas levando em conta o fuso horário. Enquanto na China, por exemplo, é 23h, em Brasília é meio-dia. Mas tudo está sendo preparado para que a reunião ocorra em breve.

— Estamos tentando aproximar a relação, procurando novos parceiros. Já falei com Índia, China, Rússia, vou falar com a França, com a Alemanha. Eu vou falar com todo mundo — afirmou o presidente brasileiro, na quarta-feira, durante evento, no Palácio do Planalto, em que foram anunciadas medidas de socorro para os setores mais afetados pelo tarifaço.

Conversar com esses países, especialmente os mais afetados com a elevação de tarifas pelos EUA, é um caminho seguido pelo Brasil — o mais prejudicado pelos ataques da Casa Branca, com uma sobretaxa de 50% sobre parte dos produtos vendidos ao mercado americano e que pode ser alvo de novas punições.

Interlocutores do governo Lula não esperam um alinhamento com o Brics e a União Europeia, mas consideram o diálogo com esses parceiros internacionais fundamental. O aumento do comércio é um dos objetivos.

Desde o último dia 9 de julho, as relações entre Brasil e EUA vêm se deteriorando. O presidente americano, Donald Trump, vinculou a negociação relacionada à sobretaxa de 50% sobre parte das exportações brasileiras, que entrou em vigor neste mês, à suspensão do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que corre no Supremo Tribunal Federal (STF).

O Brasil recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC) e tenta abrir, sem sucesso, uma negociação com os EUA restrita ao comércio, e não à situação de Bolsonaro. Na próxima segunda-feira, o governo brasileiro mandará um relatório sobre práticas investigadas por Washington nas áreas financeira, de comércio, digital, relacionadas ao desmatamento, de combate à corrupção e de propriedade intelectual.

A Casa Branca vem fazendo ataques quase diários ao Judiciário brasileiro e, mais recentemente, a servidores públicos e até ao Programa Mais Médicos.