Artes Visuais

"A Cara do Brasil": exposição de Max Motta ganha nova edição no Recife, ocupando o Instituto Ploeg

Em telas e painéis imersivos, artista pernambucano retrata seu olhar sobre o cotidiano do povo brasileiro

Max Motta apresenta sétima edição da exposição "A Cara do Brasil" - Arthur Botelho/Folha de Pernambuco

“A Cara do Brasil”, exposição que chega a sua sétima edição, traz o olhar sensível e atento do artista visual pernambucano Max Motta sobre o povo brasileiro. A abertura ocorre neste sábado (16), das 14h às 20h, no Instituto Ploeg, onde a mostra segue em cartaz até o mês de novembro, com entrada gratuita.

“O mote principal do meu trabalho é pintar gente como a gente. Não falo só do fenótipo, mas também das situações do cotidiano. O título da exposição não está ligado somente às pessoas que compõem as obras, mas também à identificação que o observador sente. É algo que mexe diretamente com a memória afetiva”, aponta Max.

Cenas das periferias, a pluralidade étnica do País, brincadeiras dos anos 1990 e a exuberante fauna brasileira estão entre os elementos que dão vida às obras. Com curadoria do próprio artista, a exposição reúne 50 telas, além de painéis imersivos, que cobrem pisos e paredes do espaço com pinturas de grandes proporções. Além disso, o público encontrará no centro cultural uma lojinha com souvenirs como cartela de adesivos, canecas e reproduções assinadas das telas.

Para Roberto Ploeg, pintor figurativo holandês radicado no Brasil, a exposição revela um Brasil barroco. “Ao entrar nesse casarão de 1901 tomado por esses rostos brasileiros em todos os ambientes, é como se você estivesse na Capela Sistina observando figuras sagradas”, analisa o idealizador do Instituto Ploeg, que ainda elogia o apuro técnico de Max.

“O interessante é que ele executa uma técnica secular utilizando uma tinta muito moderna, que é a acrílica. Ele trabalha com várias camadas dessa tinta, sendo que a secagem é bem rápida. Então, o processo todo precisa ser ágil, bem diferente do que ocorre com pintura a óleo, por exemplo”, destaca Roberto.

Distribuindo temáticas distintas em cada um dos ambientes do casarão, a nova edição de “A Cara do Brasil” traz o subtítulo “Sal e Sol”, evidenciando uma predominância de obras que remetem ao litoral. “Além da presença de elementos como o mar e a praia, a vibração das cores também reflete esse clima litorâneo, com um tom mais saturado. Também caminhamos para o interior, mostrando o Sertão”, explica Max.
 

O pintor também não foge de retratar em suas pinturas a precariedade, a violência e a desigualdade social. “É uma exposição que reconhece as mazelas que existem na nossa sociedade e, ao mesmo tempo, valoriza as características que compõem o nosso povo”, defende.

Entre os trabalhos expostos, há alguns que já circularam por outras exposições e 17 inéditos. Desde 2022, “A Cara do Brasil” já aportou em Pernambuco e Minas Gerais, ocupando espaços não convencionais. O projeto deu origem à Acabra Produções, fundada por Max Motta e pela produtora cultural Amanda Lira.

Apesar das singularidades presentes em cada edição da mostra, o artista ressalta o diálogo entre todas as obras expostas até agora. “O que eu faço é algo meio antropofágico. Pego algo que vem de fora, que é a escola de pintura clássica europeia, mastigar, e ter como resultado algo que reflete a nossa identidade”, diz o artista.

Recifense criado no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste, Max Motta teve no grafite sua primeira incursão artística. Até hoje essa linguagem está presente na obra do pintor, que já assinou grandes murais, como “Raiar do Pife”, pintado em um prédio da Rua da União, no bairro da Boa Vista. Atualmente, ele também atua como professor de pintura artística no Instituto Ploeg.

Serviço:
Exposição “A Cara do Brasil”, de Max Motta
Quando: Abertura neste sábado (16), das 14h às 20h; Visitação até 16 de novembro, de segunda a sábado, das 10h às 17h
Onde: Instituto Ploeg (Rua da Santa Cruz, 190, Boa Vista - Recife)
Entrada gratuita
Informações: (81) 99934-9265