SÃO PAULO

Aliados de palanque em 2024, Tarcísio e Nunes voltam a trocar afagos em compromissos conjuntos

Nunes classificou Tarcísio como 'grande liderança'; governador devolveu elogios destacando sintonia entre ambos

Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas em reunião no Palácio dos Bandeirantes - Governo do Estado de São Paulo/divulgação

Aliados de palanque em 2024, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) — possível candidato à Presidência —, e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB) — de olho no governo estadual —, voltaram a trocar afagos durante agendas conjuntas nesta terça-feira. Apesar de desconversarem sobre a possibilidade de concorrerem, Nunes voltou a exaltar Tarcísio como “a grande liderança” do País, enquanto o governador destacou a facilidade de trabalhar com o prefeito.

— Com todo o respeito a Ronaldo Caiado ( União Brasil), a Romeu Zema (Novo) e a Ratinho Júnior. (PSD), mas o Tarcísio é nossa fonte de inspiração, aquilo que a gente tem como referência como uma pessoa correta, técnica, dedicada e preparada, e a gente pode ter muito orgulho de tê-lo como governador — disse Nunes durante a 22ª edição da Convenção Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis de São Paulo (Secovi-SP), realizada na manhã desta terça-feira.

Os nomes citados pelo prefeito fazem parte da lista de possíveis candidatos da centro-direita para concorrer contra Lula ( PT) — ou um apadrinhado do presidente — na disputa pelo Palácio do Planalto em 2026.

Do lado do governador, os elogios foram sobre uma alegada sintonia entre ele e o prefeito. No segundo mandato, Nunes tem sido cotado por aliados como um possível substituto para Tarcísio caso o governador se licencie do cargo na busca pela Presidência. Nesse cenário, a prefeitura seria assumida por Ricardo Mello de Araújo ( PL), indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

— Queria começar este evento agradecendo meu amigo, meu irmão mais velho, Ricardo Nunes. Queria dizer da alegria que tem sido trabalhar com você, uma pessoa muito humilde, uma pessoa que está disposta a ouvir e que tem o coração que você tem, acorda cedo, dorme tarde e conhece cada canto da cidade — falou Tarcísio sobre o aliado.

O futuro eleitoral de ambos depende de bênçãos de lideranças políticas. Para Tarcísio, é a de Bolsonaro, em prisão domiciliar por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) na esteira das investigações da tentativa de golpe de Estado. No caso de Nunes, o aval viria do próprio governador, que também mantém boas relações com André do Prado (PL), presidente da Alesp.

O cenário é impactado pela fritura feita pelos filhos do ex-presidente aos governadores postulantes ao Planalto. Ora velada, ora explicita, os cotados como substitutos a Bolsonaro vêm sofrendo uma onda críticas. Tarcísio já esteve na mira do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por tentar negociar taxação do governo americano ao Brasil e, mais recentemente, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) disse que governadores da direita “se comportam como ratos” que tentam herdar o espólio do pai de forma “oportunista”.

Além da solenidade da Secovi, Tarcísio também compareceu à posse de novos 1.500 policiais civis do estado. No evento, para uma plateia de policiais civis, o governador voltou a defender a gestão do secretário Guilherme Derrite, responsável pela pasta de Segurança Pública, e disse que é preciso “tirar vagabundo da rua”.

— A gente tem que tirar o vagabundo, o marginal da rua, porque o cidadão de bem não aguenta mais. A gente tem que devolver a paz — disse Tarcísio.

Após os eventos, Tarcísio saiu para cumprir agenda em Brasília. Na capital, ele deve se reunir com Caiado, Zema, Ratinho Jr. e Ricardo Nunes para um jantar organizado pelo presidente do União Brasil, Antônio Rueda. O encontro deve ocorrer após o evento que vai formalizar a federação entre o União e o PP.