FOLHA ENERGIA 2025

Sindicape: Valorização dos Cultivadores

O Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-açúcar de Pernambuco atua há mais de 60 anos, fazendo parte da reunião da Consecana, que define os valores da cana

O Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar de Pernambuco oferece diversos serviços gratuitos aos associados - Arthur Motta/Folha de Pernambuco

Há mais de 60 anos, o Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-açúcar de Pernambuco (Sindicape) oferece diversos serviços, como assistência jurídica, técnica, auxílio com a contratação de financiamentos e benefícios da Previdência Social, de forma gratuita para os associados que trabalham no setor canavieiro. Trabalho fundamental para auxiliar os profissionais no desenvolvimento sucroenergético do estado.

“O Sindicato, fundado em 1963, atua muito na área trabalhista, participando das negociações. Fazemos parte também da reunião do Consecana (Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de Pernambuco), onde é definido o preço da cana. Também ajudamos a obter financiamentos com os bancos e atuamos em conjunto com as cooperativas e associações”, afirmou o diretor-presidente do Sindicape, Gerson Carneiro Leão.

Reconhecida pelo Ministério do Trabalho através da Carta Sindical, a organização atua em conjunto com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Pernambuco (FAEPE) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) na estrutura do sistema sindical.

 

“A mensagem que deixo é de que precisamos fazer uso das tecnologias para aumentar nossa produtividade. Quem não se modernizar vai ficar para trás”, disse Gerson Carneiro Leão, diretor-presidente do Sindicape

CAMPO FUTURO
No início de julho, a FAEPE realizou, em parceria com o CNA, um levantamento dos custos de produção da cana-de-açúcar no estado. A ação integrou o projeto Campo Futuro, com intuito de apresentar dados sobre os principais desafios dos produtores de cana, construindo decisões estratégicas para o setor canavieiro por meio de estudos que mapearam as regiões da Mata Norte e Mata Sul.

Segundo dados do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), o estado processou 14,012 milhões de toneladas de cana na safra 2023/2024. O Nordeste colheu cerca de 55 milhões de toneladas.

Os maiores produtores de cana-de-açúcar no Nordeste são Alagoas e Pernambuco. Na última safra, os alagoanos colheram 19 milhões de toneladas. Outros estados tiveram números menores, como Paraíba (7,3 milhões de toneladas), Rio Grande do Norte (3,55 milhões de toneladas), Maranhão (2,07 milhões de toneladas), Sergipe (2,46 milhões de toneladas), Piauí (1,34 milhões de toneladas) e Bahia (5,7 milhões de toneladas).

DADOS
Levando em consideração o quarto e último levantamento para a produção de cana-de-açúcar da safra 2024/25, realizado pelo Governo Federal, a estimativa no Nordeste é de produzir 54,4 milhões de toneladas, com redução de 3,7% em comparação com a temporada anterior. O valor leva em consideração a restrição hídrica na região, reduzindo a produtividade média nas lavouras.
Em Pernambuco, a estimativa aponta para uma leve expansão da área colhida em relação à safra anterior. O relevo da Zona da Mata, com alta declividade, variando de 8% a 20% em áreas onduladas, e de 20% a 45% em áreas fortemente onduladas, impõe desafios à mecanização da colheita.

“Com a topografia acidentada, temos a necessidade de mecanizar mais o processo. Temos 30%, 40% de áreas que utilizam máquinas para cortar, mas o resto é manual. Nosso desafio é trabalhar principalmente nos relevos acidentados, utilizando mais tecnologia”, observou Gerson.

“Precisamos nos modernizar sempre. Em Carpina, nós temos uma Estação Experimental de Cana-de-Açúcar, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que testa variedades de cana melhores para cada região. A mensagem que deixo é de que precisamos fazer uso das tecnologias para aumentar nossa produtividade. Quem não se modernizar vai ficar para trás”, completou.

A Estação Experimental de Cana-de-açúcar do Carpina possui uma área de 261 hectares e está localizada na zona rural do município. Tem como objetivo desenvolver variedades de cana de-açúcar de alto valor agregado, que viabilize saltos de produtividade e qualidade, com ampliação da capacidade competitiva do segmento sucroenergético da região Nordeste.

PROJEÇÃO
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), empresa pública vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, responsável por gerenciar políticas agrícolas e de abastecimento no Brasil, a primeira estimativa para a produção de cana-de-açúcar, da safra 2025/26, sinaliza um volume de 663,4 milhões de toneladas no País, redução de 2%, quando comparada com a última safra.

No Nordeste, estima-se que o volume será de 56,3 milhões de toneladas em 2025/2026, crescimento de 3,6% sobre a safra anterior. Para a produtividade, a expectativa é de 61.502 kg/ha, 1,5% superior à obtida em 2024/2025. As lavouras estão na fase de crescimento, com a colheita tendo iniciado em agosto.

Além dos dados tradicionais, como a área cultivada, produtividade e produção, a pesquisa contempla informações sobre a produção de açúcar total recuperável (ATR), açúcar e etanol, bem como os sistemas de colheita. Adicionalmente, o levantamento engloba a produção de etanol derivado do milho.

PERNAMBUCO
As estimativas iniciais para a safra 2025/26 de Pernambuco indicam crescimento da produção em relação ao ciclo anterior. O aumento é atribuído à expansão da área colhida, à reativação de uma unidade industrial anteriormente paralisada e às previsões climáticas mais favoráveis, que contribuíram para o incremento na produtividade agrícola.

O Conab apontou que o desempenho da safra está sendo favorecido por uma “recuperação nas condições climáticas, com previsão de chuvas dentro da média para o litoral do estado. Embora o segundo semestre do ano anterior tenha sido marcado por forte restrição hídrica, com impacto negativo na maturação dos canaviais, os dados mais recentes indicam recuperação do índice de vegetação (NDVI), superando tanto os valores históricos quanto os da safra anterior. Essa melhora está associada à retomada do desenvolvimento vegetativo e ao brotamento das plantas”.

REFERÊNCIA
A cana-de-açúcar é uma das principais culturas do mundo. O Brasil, por exemplo, é o líder na produção de açúcar. Na safra 2023/24, o país produziu cerca de 45,54 milhões de toneladas de açúcar, de acordo com a Agro Sustentar. O número representa cerca de 25% da produção global do produto.

A cana-de-açúcar é a terceira cultura temporária (aquelas que precisam ser replantadas a cada ciclo) em termos de ocupação de área no Brasil, atrás da soja e milho.

 

Dados sobre a safra da cana-de-açúcar