CINEMA

"Uma Mulher Sem Filtro": Fabiula Nascimento estrela comédia com olhar feminino

Longa, que estreia nesta quainta-feira (21), é remake brasileiro de filme com versões em vários países

Fabiula Nascimento vive Bia em "Uma Mulher Sem Filtro" - Laura Campanella/Divulgação

Em “Uma Mulher Sem Filtro”, comédia nacional que estreia hoje nos cinemas, Fabiula Nascimento encara sua primeira protagonista em um filme, após papéis marcantes em produções como “Estômago” (2007) e “O Lobo Atrás da Porta” (2013). Na pele de Bia, a atriz curitibana agora dá vida à uma personagem que passa a dizer tudo o que pensa, um comportamento com o qual ela diz se identificar.  

“Acho que todo mundo tem vontade de perder o filtro. Eu sou uma sobrevivente da vida. Saí de casa jovem e, para não ser massacrada, tive que me posicionar muito cedo. Só que nem todo mundo está preparado para ouvir. Então, eu aprendi a identificar onde a conversa termina e relaxar”, reflete Fabiula, em entrevista à Folha de Pernambuco.

O comportamento da atriz é o completo oposto ao da sua personagem no início do longa-metragem, que conta com direção de Arthur Fontes (“Podecrer!”). Bia é uma publicitária independente e bem-sucedida, mas rodeada de relações problemáticas. Diante de situações incômodas, ela se cala. 

Em casa, a personagem precisa lidar com um marido encostado e um enteado que a detesta. A vizinha atrapalha suas noites de sono com festas fora de hora, a irmã vive pedindo ajuda e a melhor amiga só olha para o próprio umbigo. Como se não bastasse, ela tem que encarar um chefe machista no trabalho e a chegada de uma jovem influencer para ocupar um cargo superior ao seu. 

Versão brasileira
Tudo muda na vida de Bia após ela passar por uma sessão esotérica com Deusa Xana (Polly Marinho). Agora sem filtros, ela passa a despejar tudo o que a tira do sério. O filme é um remake de “Sin Filtro” (2016), comédia chilena que já ganhou releituras em vários países, incluindo Argentina, México, Espanha, Panamá, Peru e Itália. 

Segundo o diretor, diferente das demais versões, a brasileira privilegia o ponto de vista feminino. Para garantir essa característica, ele convidou a escritora Tati Bernardi - conhecida pelas obras direcionadas às mulheres - para adaptar o roteiro, dando um toque feminista à trama.

“É uma obra que trata de uma fantasia universal, mas que se presta a várias interpretações. Desde o começo, achei que a gente deveria falar sobre as opressões vividas pelas mulheres e que, muitas vezes, as levam ao silenciamento. O texto da Tati foi fundamental para fazer isso de um jeito leve”, aponta Arthur.

Reflexões 
“Não é que tenha uma moral da história, mas o humor sempre traz um pouco de reflexão. No caso da Bia, o filme mostra que não dá para ficar aceitando tudo, sem expressar o que sente. Já através dos outros personagens dá para pensar um pouco sobre a maneira como estamos agindo com as pessoas ao nosso redor”, comenta Fabiula. 

Um fator que traz mais um toque de “brasilidade” à trama importada é a trilha sonora. A faixa “q prazer”, da pernambucana Duda Beat, é a música principal da produção, mas outras artistas femininas também embalam o filme, incluindo Iza, Pocah, Letrux, Gaby Amaranto e Gloria Groove. 

“Passei dois meses escutando coisas que eu ainda não conhecia. Tinha uma vontade de colocar só mulheres cantando e, por acaso, consegui encontrar músicas que encaixavam muito bem nas cenas. A trilha também trouxe uma camada de contemporaneidade, ajudando a situar o filme em um momento”, compartilha o diretor. 

No elenco, também estão nomes como Camila Queiroz, Samuel de Assis, Júlia Rabello, Caito Mainier, Luana Martau e Patrícia Ramos. Curiosamente, o papel do marido da protagonista é vivido por Emílio Dantas, esposo de Fabiula Nascimento também na vida real. “A gente se divertiu muito. Adoro estar com ele no set, porque a gente compartilha muito. É sempre um jogo ganho”, afirma a atriz.