Mundial de Ginástica Rítmica: na zona de classificação, Bárbara e Geovanna homenageiam Brasil
Brasileiras levantam torcida na Arena Carioca 1 na abertura da competição. Hoje, elas voltam a ação nas séries de fitas e maças. Babi escolheu "Aquele abraço" e "Garota de Ipanema" para suas apresentações
Bárbara Domingos, principal atleta do Brasil na ginástica rítmica individual, entra no tablado do Mundial hoje, na Arena Carioca 1, no Rio de Janeiro, embalada por “Aquele Abraço”, de Gilberto Gil, e por “Garota de Ipanema”, de Tom Jobim, com a meta de alcançar a final do individual geral.
A ginasta mudou a série da fita, o aparelho mais difícil da modalidade e com o qual se apresentava ao som do tango de Roxanne, pela canção de Gil, para “envolver ainda mais a torcida”, na primeira edição da competição na América do Sul.
— Queríamos uma série mais brasileira. Traz o público mais ainda para a gente. As minhas duas coreografias falam muito do Rio de Janeiro, são bem cariocas — conta Bárbara, que acha divertido ver atletas estrangeiras usando o mesmo artifício, com músicas variadas, incluindo de Ivete Sangalo. — É uma jogada, também fazemos isso, queremos agradar o público. No ano passado, para Paris-2024, eu tinha uma música “mais francesa”.
Ontem, após a cerimônia de abertura, que contou com a bateria da Viradouro, ela se apresentou na fase classificatória no arco com “Rei Leão” e, na bola, com a trilha rock “Never Tear Us Apart”, do INXS. Ao lado da também brasileira Geovanna Santos, contou com os gritos de uma torcida animada, que comemorava os movimentos difíceis antes mesmo de elas completarem o exercício, com bola e arco ainda no ar.
— Incrível o apoio da torcida. Temos de manter a concentração mesmo com os gritos. Temos uma responsabilidade e a torcida me alavanca, me dá mais força e segurança. Queria viver esse sonho, tenho muito a conquistar para o Brasil — disse Bárbara, primeira brasileira a ganhar uma medalha em Copas do Mundo no individual, dona do melhor resultado do país em Mundiais (11ª no individual geral) e única ginasta do Brasil a disputar uma final olímpica, em Paris-2024.
Após as apresentações de ontem, as duas estão na zona de classificação para o individual geral, mas sem vaga para as finais dos aparelhos. Geovanna terminou o dia em 10º, com 55.900, e Bárbara, em 12º, com 55.600. Geovanna fez 27.500 pontos com a série da bola e 28.400 no arco. Já Bárbara obteve 27.250 e 28.350, respectivamente. Hoje, elas se apresentam com as maças e a fita. As 18 melhores ginastas avançam para a disputa do geral, na sexta-feira. As oito melhores de cada aparelho também vão para as finais, que serão no domingo.
— Vou entrar com toda a concentração possível e quero sair de quadra feliz. Mudamos a série da fita porque o Mundial seria em casa. Tentamos não modificar muito os movimentos anteriores, mas é uma adaptação. Tínhamos pouco tempo. Mas acho que a minha experiência me ajuda — explicou Bárbara, que estreou a série “Aquele Abraço” na Copa do Mundo, em Milão, chegando à final do aparelho (sétimo).
Geovanna Santos
Individual geral: 55.900 (10º - zona de classificação)
Bola: 27.500 (10° - segunda reserva para final)
Arco: 28.400 (10° - segunda reserva para final)
Babi Domingos
Individual geral: 55.600 (12º lugar - zona de classificação)
Bola: 27.250 (12º - eliminada)
Arco: 28.350 (11º - terceira reserva para final)
Sobre a presença da família na arquibancada, Bárbara se emocionou:
— Essa é a primeira vez que minha família me assiste pessoalmente em um Mundial (voz embargada). Eles me apoiaram muito depois da Olimpíada, não foi fácil, mas conseguimos, estamos aqui. Me emociono por não ter desistido — disse Bárbara, que, por causa de uma lesão no quadril e da pandemia, ficou fora da Olimpíada de Tóquio-2020.
Depois deste episódio, ainda em 2021, deu a volta por cima e se tornou a primeira brasileira finalista de um Mundial de Ginástica Rítmica. Ela fechou a participação em 13º. Em Paris-2024, foi Top 10.
— A Babi antes da Olimpíada é diferente da Babi de depois. Sou uma ginasta mais madura e que leva a ginástica com muito mais leveza e alegria.
Geovanna, que há pouco tempo viveu seu pior momento na carreira, quando não se classificou para Paris-2024, disse que sonhou em se classificar para o Mundial no Rio, mas que não imaginava que seria tão especial.
— Estar aqui superou os meus sonhos, esse tem sido o maior Mundial da história. Está uma grande festa. Me imaginei muito aqui, assim como para a Olimpíada (ela foi para Tóquio-2020, no conjunto) — comemorou.
Geovanna lembra que o ano de 2023 foi “um pouco” difícil. Durante todo o ciclo de Paris-2024, ela era a segunda brasileira, atrás apenas de Bárbara. No entanto, no Mundial de 2023, o país conquistou apenas uma vaga olímpica para a disputa individual. Assim, ela teve de se reinventar e passou a focar no Mundial e também em Los Angeles-2028.
— Em Tóquio não teve público e agora esse Mundial está sendo a minha Olimpíada. Estou me divertindo e sendo feliz dentro de quadra — disse. — Entro pensando que não posso me empolgar tanto com a torcida, e é difícil porque queremos entrar nessa energia também. Mas tenho de me conter para completar a série.
Ao som de “My Heart Will Go On”, de Celine Dion, música que ficou conhecida por ser tema do filme “Titanic”, Geovanna foi bem na apresentação da bola. Na série do arco, usou referências do filme “Animais Fantásticos”. As performances lhe deram esperança para se tornar uma finalista no individual geral.