EX-PRESIDENTE

PF: Bolsonaro teve acesso à defesa de general que assumiu autoria de plano para matar Lula e Moraes

Mario Fernandes admitiu ser autor do documento que traçava cenários, segundo os investigadores, para assassinato de autoridades públicas

O então presidente Jair Bolsonaro posa com o general Mario Fernandes em visita ao Monumento Gorro Preto, em Goiânia, em julho de 2019 - Isac Nóbrega/PR/26-7-2019

A Polícia Federal encontrou entre os arquivos no celular de Jair Bolsonaro (PL) documentos indicativos de que o ex-presidente teve acesso prévio ao conteúdo de defesa do general Mario Fernandes.

Também investigado na trama golpista, o militar é apontado na denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) como um dos líderes mais radicais na articulação do suposto plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Moraes. Fernandes admitiu em interrogatório no STF ser autor do documento que ficou conhecido como "Plano Punhal Verde e Amarelo".

Bolsonaro e seu filho Eduardo foram indiciados pela Polícia Federal por coação no curso do processo e abolição violenta ao Estado Democrático de Direito. Conforme a polícia, o ex-presidente, que está em prisão domiciliar, e o deputado federal, radicado nos Estados Unidos, têm atuado contra integrantes do STF diante do julgamento da trama golpista.

Numa das peças do indiciamento, a PF aponta terem sido identificados dois arquivos em formato .docx salvos no aparelho celular de Bolsonaro "que guardam relação com a defesa do réu MARIO FERNANDES, autor do documento intitulado Punhal Verde Amarelo, o qual descrevia o planejamento de assassinato do atual Presidente da República, seu vice e o ministro ALEXANDRE DE MORAES".

 

Os documentos foram salvos em 6 de março deste ano com os nomes de "Minuta revisão final.docx" e "Agravo Regimental versao final.docx". Ainda de acordo com os investigadores, os documentos chegaram ao ex-presidente via WhatsApp, mas não foi possível identificar quem os enviou.

O criador do arquivo foi identificado como Alessandro Ajouz e o último autor, Marcus, numa referência provável a um dos advogados de Mario Fernandes, Marcus Vinicius de Camargo Figueiredo. A petição de defesa do general, com as mesmas 26 páginas e conteúdo semelhante ao do documento encontrado no aparelho de Bolsonaro, foi protocolada nos autos na noite de 6 de março, às 21h13.

Em análise dos metadados, a PF afirmou que o advogado assinou digitalmente a peça jurídica 1h09 após a criação do arquivo no celular de Bolsonaro.

"Nesse sentido, tendo em vista a notória semelhança entre o conteúdo do arquivo encontrado no aparelho celular do ex-Presidente com aquele protocolado nos autos da PET 12.100/DF pela defesa do réu MARIO FERNANDES, evidencia-se que JAIR MESSIAS BOLSONARO teve acesso prévio ao conteúdo relacionado à defesa do General MARIO FERNANDES", concluem os investigadores.