Energia limpa nas escolas e creches
Ação da PCR leva energia limpa a estabelecimentos de ensino da capital, formando uma nova geração de estudantes mais consciente e gerando economia aos cofres públicos
A transição energética está em curso nas escolas públicas do Recife. Lançado em 2022 pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Educação, o Programa Escola Solar no Grau já levou placas fotovoltaicas a 40 escolas e creches da Rede Municipal de Ensino, beneficiando, ao todo, 90 unidades.
A iniciativa, que alia sustentabilidade e educação, nasceu de um compromisso firmado pelo prefeito João Campos durante a COP-26, na Escócia, e vem ganhando força como política pública inovadora.
“O programa surgiu a partir de um compromisso assumido durante a COP-26, em Glasgow. A proposta é reduzir custos com energia elétrica e, ao mesmo tempo, gerar economia para os cofres públicos e promover a sustentabilidade ambiental”, explicou o gerente geral de Planejamento e Monitoramento da Secretaria de Educação do Recife, George Passos.
Segundo ele, o projeto está alinhado a diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, como o ODS 7, que trata de energia limpa e acessível, e o ODS 13, voltado ao combate às mudanças climáticas.
De acordo com George Passos, a escolha da educação como ponto de partida da política de transição energética da cidade não foi por acaso. “As escolas são espaços estratégicos para promover a conscientização. Quando os estudantes vivenciam o uso de fontes renováveis, tornam-se multiplicadores de práticas sustentáveis em suas comunidades”, pontuou.
Além do impacto ambiental, o programa se propõe a fortalecer o currículo escolar, integrando a sustentabilidade à formação dos alunos. “Ao acompanhar de perto o funcionamento dos painéis solares, os estudantes compreendem melhor a importância da sustentabilidade e disseminam esses valores em casa e na vizinhança”, acrescenta o gerente.
Critérios
Para selecionar as 40 primeiras unidades contempladas, a equipe técnica considerou critérios como tipo de cobertura, inclinação dos telhados e potencial de captação solar. Também foram feitas adaptações estruturais, como reforço nos telhados e ajustes no sistema elétrico. “Essas mudanças foram necessárias para garantir a eficiência, durabilidade do sistema e segurança da comunidade escolar”, destaca Passos.
O funcionamento do sistema é simples, mas eficiente. Os painéis captam a luz do sol e a convertem em energia elétrica, que passa por um inversor e é utilizada diretamente nas escolas. Quando há excedente, ele é redistribuído para outras unidades da rede.
Os resultados já podem ser medidos. “A geração mensal de eletricidade é de cerca de 143,48 MWh, o que representa uma economia estimada de R$ 138,8 mil por mês. No acumulado, já são 3,74 GWh gerados”, informa Passos. Algumas unidades chegaram a reduzir em até 90% o valor da conta de luz.
Mas os impactos vão além dos números. O projeto tem despertado curiosidade entre os alunos e impulsionado debates sobre energia limpa. “Muitos só conheciam a energia solar pela TV. Ver os painéis instalados na escola muda a percepção. Isso motiva e engaja os estudantes”, relata George.
Essa vivência também fortalece o trabalho pedagógico com temas como meio ambiente e consumo consciente. “Ler sobre sustentabilidade em livros é importante, mas vivenciar isso no cotidiano escolar é transformador”, ressalta.
Segunda etapa
O sucesso da primeira fase impulsionou o avanço do programa. A segunda etapa, atualmente em fase de contratação, prevê a instalação de novas usinas solares com capacidade total de 3.900 kWp.
A meta é beneficiar cerca de 140 novas unidades, cobrindo aproximadamente dois terços da rede de ensino. A longo prazo, a expectativa é alcançar todas as 340 escolas e creches do Recife com energia solar. “Também estamos estudando outras estratégias, como a compra de energia no mercado livre, para garantir a cobertura total com fontes renováveis”, revela Passos.
O Escola Solar no Grau ainda tem potencial para se integrar a outras políticas públicas voltadas à sustentabilidade, como hortas escolares, reaproveitamento de água, gestão de resíduos e biodigestores. “A presença da energia solar desperta nos estudantes o interesse por temas ambientais, criando um ambiente propício para outras ações complementares”, afirmou o gerente da Secretaria de Educação.
Com uma abordagem que une inovação tecnológica, economia de recursos e formação cidadã, o programa transforma as escolas em verdadeiros laboratórios de sustentabilidade.
Outras iniciativas
Além do investimento em energia limpa nas escolas, o Recife avança em outras frentes de combate à crise climática. Implantado pela Prefeitura, por meio da Secretaria Executiva de Agricultura Urbana, o Sistema Agroflorestal Urbano e de Compostagem (SAFUC) une manejo sustentável, redução de resíduos sólidos e fortalecimento da agricultura urbana.
No componente agroflorestal, mais de 70 espécies vegetais convivem de forma integrada, entre árvores, frutíferas, leguminosas, hortaliças, PANCs e plantas medicinais. Já o sistema de compostagem reaproveita resíduos orgânicos coletados no edifício-sede da Prefeitura, mercados públicos e feiras, transformando mais de 391 toneladas de resíduos em 194 toneladas de composto orgânico desde 2021. A prática evitou o envio de resíduos aos aterros sanitários e a emissão de aproximadamente 160 toneladas de gases de efeito estufa, como metano e dióxido de carbono.
O composto orgânico produzido é distribuído gratuitamente, em porções mensais de 2 kg, para servidores públicos e permissionários de feiras e mercados. A ação também alcança 166 unidades produtivas agroecológicas, como escolas, creches, hortas comunitárias e terreiros de matriz afro-indígena.
A iniciativa leva também assessoria técnica, com cerca de mil visitas já realizadas para orientar práticas de cultivo e manejo sustentável. Alinhado à Política Nacional de Resíduos Sólidos e aos ODS da ONU - especialmente os de agricultura sustentável, cidades resilientes e combate às mudanças climáticas - o SAFUC impulsiona uma política pública inovadora que torna a cidade mais verde, justa e consciente.