Rodrigo Santoro faz 50 anos e fala sobre volta aos cinemas, vida cercada de mulheres e paternidade
Em entrevista, ator, que faz aniversário nesta sexta e está no premiado filme "O último azul" diz que prefere ser discreto para preservar a sanidade mental
Sem crise e com sede de aprender. É como Rodrigo Santoro diz que está recebendo a chegada dos 50 anos nesta sexta-feira (22). Com mais de três décadas de carreira, o ator natural de Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, fez sucesso na TV com fenômenos como a minissérie “Hilda Furacão” (1998) e a novela “Suave veneno” (1999) antes de despontar no cinema em grandíssimo estilo ao protagonizar “Bicho de sete cabeças” (2000), de Laís Bodanzky.
Na sequência, emendou obras consagradas como “Abril despedaçado” (2001), de Walter Salles, e “Carandiru” (2003), de Hector Babenco, que ajudaram a abrir as portas do mercado internacional. Em Hollywood, estrelou hits como “Simplesmente amor” (2003) e “300” (2006), além de seriados como “Lost” (2004) e “Westworld” (2016).
Agora, Rodrigo chega aos cinemas na quinta-feira (28) com “O último azul”, drama de Gabriel Mascaro vencedor do Urso de Prata do Festival de Berlim e responsável por abrir o Festival de Gramado na última semana. O ator se sentou com O Globo na Serra Gaúcha para falar sobre como está recebendo os 50 anos, sobre paternidade e sobre os próximos projetos, que incluem o filme “O filho de mil homens”, de Daniel Rezende, e a série “Brasil 70”, em que interpreta João Saldanha.
50 anos
“Recebo os 50 anos com muita alegria e gratidão. É um marco e também um tabu. Continuo cheio de planos, desejos. Acabamos de ter uma filha, algo que traz uma grande mudança, muito positiva. Temos uma filha de 8 anos, agora uma de 1.”
Paternidade
“Com o tempo, ganhei algumas dorzinhas (risos), mas acima de tudo ferramentas para lidar com as coisas e profundidade em vários aspectos. O que mais me transformou e continua me transformando é a paternidade. É a maior oportunidade que uma pessoa tem de trabalhar o seu ego. Você não é mais o centro. Passa a ser sobre o amor que esse filho ou filha precisa. Não existe nada mais enriquecedor do que você ter que lidar com isso porque vai te expandindo internamente.”
Casa de mulheres
“Estou cercado de mulheres. Tem a Mel (Fronckowiak, com quem é casado), a Nina, a Cora, a Martinha, nossa funcionária querida, e a Luna, que é a nossa gata. Cresci assim. Tenho muitas primas. Acho que influenciou até na ideia de trabalhar com a artes e exercer mais minha sensibilidade.”
Exposição
“Por muito tempo, não tive redes sociais, mas entrei quando percebi que seria importante na divulgação dos meus projetos. Geralmente, falo de trabalho, mas não só. Outro dia tive a oportunidade de surfar com Kelly Slater e Gabriel Medina e senti vontade de compartilhar. Sempre preservei um pouco da minha intimidade até pela sanidade mental. Não expor as meninas é uma continuação dessa coerência. Se em algum momento, com elas crescendo, me pedirem para postar uma foto delas, aí é uma outra conversa.”
‘O último azul’
“Sempre que vejo algo que me toca, eu pesquiso, procuro saber mais. Quando assisti a ‘Boi neon’ (2015), entrei em contato com o Gabriel (Mascaro) e falei: ‘Um dia quero te conhecer, adorei o filme’. Numa visita ao Recife, ele me chamou para ir a um restaurante em Olinda. Conversamos muito, trocamos ideias maravilhosas sobre trabalhar juntos. Aí começo a escutar um barulho e ele fala: ‘É um bloco pré-carnaval, vamos?’ Eu não estava nem preparado, mas o bloco passou, pulamos dentro e foi uma experiência inesquecível. Anos depois, ele me falou que escreveu um personagem pensando em mim, e era ‘O último azul’. Comecei a ler o roteiro e antes mesmo de chegar no meu personagem, eu já tinha me sentido arrebatado pela história. Adorei a temática, adorei o roteiro.”
Amazônia
“Muito se fala sobre a Amazônia, o mundo inteiro opina, mas só através da experiência é possível entender a grandeza daquele lugar. Estar ali, nas tardes, sem um celular, apenas desacelerando do mundo urbano. Passávamos horas em silêncio, absorvendo aquele lugar, sintonizando nossos instrumentos com o que aquele lugar oferece. Ter uma imersão na Amazônia já era algo que eu fantasiava desde menino e que só foi aumentando com o tempo. Não escolhi fazer o filme por esta razão, mas sem dúvida ele ser filmado no Rio Negro foi algo que me fascinou.”