Câmara dos Deputados

Líder do PT na Câmara pede ao STF bloqueio de bens e valores de Bolsonaro e familiares

Solicitação foi feito após a Polícia Federal identificar que o ex-presidente recebeu R$ 30,6 milhões entre março de 2023 e fevereiro de 2024

O ex-presidente Jair Bolsonaro - Evaristo Sa/AFP

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) solicitou, nessa quinta-feira (21), ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito para apurar as movimentações financeiras do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). O pedido foi feito após a Polícia Federal identificar que o ex-presidente recebeu R$ 30,6 milhões entre março de 2023 e fevereiro de 2024.

Líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh pede ao STF o "bloqueio, sequestro e indisponibilidade de bens, valores e ativos" de Bolsonaro e dos familiares;

O petista pede que a Procuradoria-Geral da República seja acionada para apurar os supostos crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude processual de Jair, Michelle, Eduardo e Carlos Bolsonaro.

Lindbergh solicita também a "realização de perícia contábil e financeira sobre as movimentações atípicas de R$ 30 milhões atribuídas a Jair Bolsonaro entre março de 2023 e fevereiro de 2024, e sobre os repasses a Michelle Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Carlos Bolsonaro, para apurar eventual dissimulação de origem ilícita".

Segundo a PF, as operações financeiras de Jair Bolsonaro tem "suspeitas de serem ocorrências de lavagem de dinheiro e outros ilícitos". No relatório final, no entanto, o ex-presidente não foi indiciado neste crime.

"No período de 01/03/2023 a 07/02/2024, foram movimentados R$ 30.576.801,36 em créditos e R$ 30.595.430,71 em débitos", informou a PF.

Conforme os investigadores, mais de 60% dos valores movimentados a crédito ocorreram por meio do Pix. Foi registrado 1,2 milhão de lançamentos, que somaram R$ 19,3 milhões no período analisado. Já em relação aos débitos, mais de 50% do valor total movimentado no período refere-se a aplicações em CDB (Certificados de Depósito Bancário) e RDB (Recibos de Depósito Bancário), com seis lançamentos que somaram R$ 18,3 milhões.

Ao todo, o relatório do Coaf traz as movimentações financeiras de março de 2023 a junho de 2025. Nesse período todo analisado, foram R$ 44,28 milhões que entraram na conta e R$ 44,3 milhões que saíram.

Os Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs), como esse analisado pela PF, reúnem informações e comunicações relativas a operações financeiras com indícios de lavagem de dinheiro, de acordo com parâmetros estabelecidos em lei. Os documentos por si só não representam irregularidades, mas podem ser usados por órgãos como a Polícia Federal e o Ministério Público Federal para desdobrar investigações.

Na apuração, a PF identificou que o ex-presidente enviou ao filho Eduardo R$ 2,1 milhões entre dezembro de 2024 e junho deste ano, sendo que R$ 2 milhões foram transferidos no dia 13 de maio, sob a justificativa de evitar que o deputado federal enfrentasse dificuldades financeiras enquanto mora nos Estados Unidos, como já divulgado. Também foram repassados R$ 2 milhões a Michelle Bolsonaro, segundo o Coaf.