Os Idiotas
Você já se sentiu como um estranho quando em uma roda de amigos o assunto dominante diverge de seus conceitos e princípios acadêmicos? Claro que sim.
É como se você estivesse alienado a fenômenos da idolatria, quando as pessoas criam ídolos e a eles se submetem. Mas me parece que ídolos são criados para sobrepor àqueles que nós detestamos e a cegueira leva a sua inconsciência um seguimento importante da realidade e que está inserido.
Não viveram, ou insistem em desconhecer, os horrores da guerra, das ditaduras absolutistas e minoram o crime que tentaram cometer ou, como disse acima, a cegueira destrói seu raciocínio e não se apercebem do mal que poderia ocorrer diante de líderes dinásticos ou isolados, mas todos, mais cedo ou mais tarde, se confundem numa seita satânica de tiranias.
Nesses momentos, retraio-me voluntariamente, diante de meu sentimento impotente de contradizer, por princípios de toda uma vida de aprendizagem nas bancas de faculdade e experiências empíricas que a universidade da vida me ensinou.
Para escrever, me solto e me liberto na esperança longínqua que atinja alguém que coincida com esses sentimentos.
Fujo do Principe Myshkin de Dostoiévski aos olhos dos outros, mas continuo como ele, desafiando todos que propugnam a degradação de uma realidade democrática e um sistema propício à corrupção, mesmo com seus erros e falhas, mas não existem Cortes nesse planeta que não sejam compostas por seres humanos e certamente não tem o dom divino da sua onipresença e muitos escapam da espada reluzente da Justiça.
Daí para usar a força ou planos maquiavélicos de eliminar opositores, ou culpar nosso sistema judiciário existe uma diferença abissal! O amoralismo e o racionalismo exacerbado, certamente levará ao desespero e à perdição. Podem apostar.
O jogo democrático, embora com todas as suas falhas, é um processo político, pode ser lento, mas é sempre depurativo: postergar ou alterar seu curso, ou mandatos é espúrio e deplorável. O risco sempre é latente quando a caneta com seus acessórios coercitivos cai em mãos tiranas e amorais.
Me bato a isso, mesmo em desvantagem ao poder tirânico, mas me conforto em denunciar um espelho cruel que revela a feiura às ilusões daqueles que o cercam, expondo suas máscaras e a falta de virtude em seu mundo fútil.
Afirmo, sem medo de errar, que idiota não é o homem íntegro que a sociedade o rotula, mas sim a própria sociedade intoxicada pelas paixões infundadas que a capturou.
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