"Geração beta": nascidos entre 2025 e 2039 vão estar afastados das redes sociais e mergulhados na IA
De acordo com pesquisadores, nova geração vai falar da pandemia como parte de um passado remoto e terá a crise climática como tema central de suas vidas
Se você costuma usar as redes sociais, já deve ter dado de encontro com memes sobre como os Millenials, que nasceram entre o fim dos anos 90 e a primeira metade dos anos 2000, não se dão bem com aqueles da Geração Z, que nasceu do meio da primeira década do século XXI até o meio dos anos 2010, ou então já se deparou com algum vídeo infantil que parecia totalmente sem sentido, mas que 'hipnotizava' o filho da vizinha, que pertence à Geração Alpha — que nasceu desde 2015 até o último ano.
Neste ano, o choque geracional acaba de aumentar. A passagem para 2025 marca mais do que apenas uma volta da Terra ao redor do sol: inaugura também uma nova geração.
Os bebês que nascerem a partir de janeiro passam a integrar a Geração Beta, que, segundo especialistas, se estenderá até cerca de 2039. Eles sucedem a Geração Alpha e chegam ao mundo em um contexto marcado por rápidas transformações tecnológicas, mudanças sociais profundas e desafios ambientais sem precedentes.
O termo foi popularizado no começo da década pelo pesquisador social e futurista australiano Mark McCrindle, responsável também por batizar a linhagem dos 'Alpha'.
Em seu blog "Welcome Gen Beta", McCrindle explica que as crianças que vão formar essa nova parcela da população vão viver em "um mundo em plena transição, onde questões como mudanças climáticas, urbanização acelerada e novas dinâmicas populacionais não serão apenas preocupações eventuais, mas parte integrante da vida cotidiana”, disse o pesquisador em um blog pessoal.
Um futuro guiado pela inteligência artificial
Se para os millennials a internet foi uma novidade e para a Geração Z os smartphones se tornaram uma extensão de tudo que fosse desejável, a Geração Beta já vai ganhar a luz em uma realidade onde ferramentas de inteligência artificial (IA) generativas estarão completamente integradas à rotina.
Educação, saúde, mercado de trabalho, mobilidade e até lazer terão presença constante de sistemas autônomos e algoritmos avançados.
“Essa geração viverá em um mundo onde a automação não será diferencial, mas padrão”, explica McCrindle. Estima-se que, até 2035, os 'Betas' representem 16% da população mundial, crescendo em cidades mais inteligentes, conectadas e sustentáveis.
O que vai diferir o relacionamento dos 'Betas' com a IA em relação à geração anterior é o fato de que eles terão, em grande parte, pais da Geração Z, que tendem a adotar uma postura mais crítica em relação ao uso das redes sociais e ao tempo de exposição às telas.
Diferentemente dos Millennials, que foram por sua vez os pais da Geração Alpha e compartilharam cada fase da vida dos filhos online, os jovens adultos de hoje demonstram maior preocupação com os impactos psicológicos e sociais da hiperexposição digital.
“Os pais da Geração Z conhecem desde cedo tanto os benefícios quanto os riscos do ambiente digital e tendem a priorizar limites mais claros para seus filhos”, afirma McCrindle. A expectativa é que, na infância, os Betas tenham menos presença nas redes sociais e maior incentivo a experiências offline, ainda que a digitalização siga inevitável.
A herança da Covid-19 e da crise climática
Outro aspecto que marcará a trajetória dos Betas é o fato de terem nascido em um mundo pós-pandemia. Eles ouvirão sobre a Covid-19 em livros de história ou através das memórias dos pais e irmãos mais velhos, mas não terão vivido diretamente o impacto global de 2020-2021. “Será para eles um evento distante, semelhante a como a gripe espanhola de 1918 é vista hoje”, destacou o pesquisador Jason Dorsey em entrevista à emissora americana NBC.
No entanto, se a pandemia será lembrada como parte do passado, a crise climática será tratada como um tópico absolutamente central das preocupações futuras dos bebês de hoje (e dos próximos anos).
O aquecimento global, a elevação dos mares, os desastres naturais mais frequentes e as pressões por políticas sustentáveis decidirão em quem os 'Betas' votam, com quem falam e — principalmente — o que compram.
Quando a Geração Beta atingir a maioridade e começar a ir às urnas, é provável que seus antepassados da Geração Z estejam ocupando cargos de poder, embora a Geração X, anterior aos Millenials, ainda possa ter peso na democracia e na geopolítica.
Para os Betas, temas como transição energética, preservação ambiental e desigualdade social deverão estar no topo da pauta.
Além da tecnologia e da sustentabilidade, os Betas crescerão em uma sociedade ainda mais diversa e multicultural.
Movimentos por inclusão racial, de gênero e de orientação sexual, já consolidados em gerações anteriores, tenderão a se expandir. O conceito de família, de carreira e até de identidade poderá ganhar novos contornos, acompanhando a fluidez cultural do século XXI.
O que esperar da próxima geração
Se a Geração Alpha já foi chamada de “a mais educada e conectada da história”, a expectativa é que a Geração Beta seja a mais moldada pela IA. Eles serão consumidores e cidadãos em um planeta pressionado pela necessidade de soluções sustentáveis, mas também terão à disposição ferramentas tecnológicas jamais imaginadas.
Em pouco mais de uma década, ainda crianças, já representarão uma parcela significativa da humanidade. E, à medida que crescerem, terão o desafio de equilibrar a inovação criada pelo advento da internet com a responsabilidade ecológica e social.