Sindaçúcar-PE: protagonismo e crescimento
O Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco representa importante setor da economia estadual, responsável pela geração de 70 mil empregos
O Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE) desempenha, há mais de 80 anos, um papel crucial para o setor sucroalcooleiro, que é responsável pela geração de milhares de empregos diretos e indiretos. Representante oficial das usinas e destilarias de açúcar e etanol, a entidade atua para a valorização e o crescimento da cadeia sucroenergética, um importante segmento da economia estadual.
Atualmente, o Sindaçúcar-PE conta com 13 empresas associadas, oferecendo uma gama de serviços a elas, como assistência jurídica e apoio logístico. Além disso, o sindicato é responsável por elaborar estudos, participar de convenções coletivas de trabalho, incentivar o aprimoramento tecnológico, desenvolver estatísticas e atuar na condução da política setorial.
As usinas associadas ao sindicato produzem juntas 1,1 milhão de toneladas de açúcar e 400 milhões de litros de etanol, gerando 70 mil empregos diretos e formais em 60 municípios pernambucanos. Os números dão uma ideia da importância econômica e social do setor para o Estado e, portanto, da necessidade de uma entidade representativa forte, que seja um porta-voz do segmento junto aos órgãos estaduais, federais e internacionais.
Recentemente, a instituição acompanhou de perto as discussões do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) sobre o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina e do biodiesel no óleo diesel. Em junho, foi aprovado que a mistura de etanol passasse de 27% para 30%, e a de biodiesel de 14% para 15%. A medida, que integra os objetivos da Lei do Combustível do Futuro, está em vigor desde o dia 1º de agosto.
Segundo a consultoria Datagro, a alteração elevará a demanda por etanol anidro em 1,4 bilhão de litros e em 670 milhões de litros de biodiesel por ano. Para Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar-PE, além de beneficiar o mercado sucroalcooleiro, a decisão traz ganhos ambientais e para o bolso do consumidor final.
“É uma medida que aumenta a oxigenação de um combustível limpo, o etanol, dentro do combustível fóssil, promovendo bônus ambiental em todo o Brasil, sobretudo nas grandes cidades. Esse escalonamento faz parte da Lei do Combustível do Futuro e é uma garantia de que existe dentro da gasolina nacional um combustível mais barato do que a própria gasolina,o que tende a colaborar para que não haja uma expansão tão rápida dos preços”, analisa Renato.
Destaque
Com dados de 2024, o Balanço Energético Nacional 2025, divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME), revela que o setor de transportes atingiu 25,7% de renovabilidade. Os grandes destaques foram os aumentos de 30,1% de etanol hidratado e 19,3% de biodiesel.
A Lei Combustível do Futuro, citada pelo presidente do Sindaçúcar-PE, foi sancionada no final do ano passado e tem como objetivo reduzir a dependência de combustíveis fósseis, incentivando o uso de fontes de energia renováveis e expandindo a participação dos biocombustíveis na matriz energética brasileira. Renato Cunha destaca o papel de destaque do setor sucroalcooleiro no processo de transição energética.
“Na prática, o etanol faz parte dessa transição desde os anos 1980, com um percentual de mistura que começou com 18%, depois passou para 22%, 27% e hoje chega aos 30%. Além disso, existe o etanol hidratado, que é o combustível verde total”, aponta o presidente do sindicato, ressaltando a superioridade do etanol de cana brasileiro em relação ao etanol de milho norte-americano em termos de capacidade de descarbonização.
Renato Cunha chama atenção ainda para a diversificação do uso da biomassa da cana, impulsionada pelas metas do Combustível do Futuro. Ele elenca novas aplicações do biocombustível, como o SAF (Combustível de Aviação Sustentável), uma alternativa ao querosene de aviação tradicional; o uso do e-metanol em navios, com anúncio da primeira fábrica do Brasil sendo instalada em Pernambuco; e o biometano em veículos de transporte terrestres, como ônibus e caminhões.
“O etanol é versátil e muda o paradigma da questão da distribuição nos transportes, que passam a viver uma nova era com a mudança do contingente, do volume e da qualidade dos combustíveis. Isso acontecerá, obviamente, de forma gradativa, através de investimentos, leis e regras que vão, cada vez mais, crescendo e avançando”, defende Renato Cunha.
Para a safra 2025/2026, iniciada em agosto, o sindicato projeta a moagem de cerca de 14 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. A estimativa conservadora representa uma manutenção da produção, apontando para um tímido crescimento em comparação com as 13,6 milhões de toneladas da temporada anterior. “Dependendo do regime de chuvas do verão futuro, pode haver um aumento da produtividade”, sinaliza Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar-PE.
Tarifaço
Uma questão que tem deixado os produtores em estado de atenção é o recente “tarifaço” imposto pelo governo dos Estados Unidos aos produtos exportados pelo Brasil para o país. Como as regiões Norte e Nordeste têm prioridade garantida nas cotas de açúcar brasileiro destinadas ao mercado norte-americano, o impacto da sobretaxa de 50% deve ser sentido pelo setor.
O Sindaçúcar-PE mantém, de acordo com Renato, uma “relação muito construtiva” com os departamentos de agricultura e de comércio nos Estados Unidos desde os anos 1960. A entidade gere o Terminal Açucareiro do Recife, por onde é exportado o açúcar a granel que abastece refinarias em Savannah, no estado da Geórgia, e em Baltimore, em Maryland.
O sindicato está engajado nas articulações que buscam reverter o “tarifaço”, integrando o comitê técnico liderado pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. A organização também atua junto ao Itamaraty para lidar com o impacto do aumento imprevisto e, além disso, acompanhou a delegação de senadores brasileiros que viajou aos EUA, em julho, para sensibilizar parlamentares americanos sobre as tarifas.