Veja quem é o 'Viking do Capitólio', extremista que a 'Economist' comparou a Bolsonaro
Personagens mais marcantes da invasão ao Capitólio, em 2021, chegou a ser preso, mas recebeu o indulto com a volta de Trump ao poder
Com rosto pintado, peles de urso e chifres numa fantasia de viking, Jacob Chansley (ou Jake Angeli) ficou conhecido mundialmente pela invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. O movimento naquela época pretendia invadir o Congresso americano como forma de impedir a confirmação da vitória do presidente democrata Joe Biden.
Só que nesta quinta-feira (28), sua imagem voltou à tona, quando a revista britânica “The Economist” comparou o extremista MAGA (Make America Great Again, Faça a América Grande Novamente, em livre tradução) ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que começará a ser julgado a partir do dia 2 de setembro pela trama golpista no Brasil.
Para a publicação, o Brasil "oferece uma lição de democracia para uma América que está se tornando mais corrupta, protecionista e autoritária".
Chansley, também conhecido como “Xamã QAnon” ou “Lobo de Yellowstone”, é um veterano da marinha dos EUA, ator, dublador e ativista de extrema-direita. Ele participa do QAnon, uma conspiração da extrema-direita americana, na qual seu lema é “onde for um, vamos todos nós”.
Ele acredita que suas vestes lhe davam as “forças do xamanismo”. Suas tatuagens, com símbolos nórdicos, o reforçaram como um símbolo dos protestos pró-Trump. Inclusive, na invasão ao Capitólio, Jacob chegou a sentar na cadeira da presidência do Senado.
O grupo ao qual faz parte, o QAnon, também acredita que o presidente Donald Trump, que voltou ao poder este ano, luta contra uma conspiração “de extrema-esquerda de adoradores de Satanás, pedófilos e canibais que dirigem uma rede de tráfico sexual infantil”. O ativista de extrema-direita foi preso pela invasão ao Capitólio e, em setembro de 2021, foi condenado a 41 meses de prisão após ter assumido a culpa pelo ato.
Jacob passou a cumprir a pena em novembro daquele ano, e passou 27 meses em cárcere, sendo dez em regime de solitária. Em 2023, ele foi para o regime aberto em um Centro de Reintegração, no Arizona — seu estado natal nos EUA. Este ano, com a volta de Trump à presidência, ganhou um indulto juntamente a mais de 1.500 pessoas condenadas pela invasão.
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Na época, Chansley, que tinha uma conta ativa no X e comemorou o indulto: “Acabei de receber a notícia do meu advogado: eu fui perdoado. Obrigado, presidente Trump. Agora, vou comprar algumas armas. Eu amo esse país. Deus salve a América. Os manifestantes de 6 de janeiro estão sendo soltos e a justiça chegou. Tudo o que foi feito às sombras virá à tona”, disse, à época.
O ativista, que apagou postagens em duas contas que tem no X, reclama no texto descritivo ao alto do perfil (bio) de uma delas sobre a mídia o chamar de “Q-Xamã ou QAnonXamã”, e comenta que isso “é um espantalho criado na tentativa de controlar a narrativa e destruir a sua imagem pública”.
Bolsonaro é ‘Trump dos Trópicos'
A revista britânica “The Economist” trouxe nesta semana uma reportagem intitulada “O que o Brasil pode ensinar à América”, na qual destaca o início do julgamento de Bolsonaro. A capa da publicação o colocou como “viking” com as cores da bandeira brasileira.
O texto relata que a trama golpista teve início após “um presidente polarizador não aceitar o resultado das eleições e incitar seus apoiadores a se rebelarem, atacando prédios do governo”. Pela similaridade do 8 de janeiro de 2023 do Brasil com o 6 de janeiro de 2021 do Capitólio Americano e pelas ações ao longo da trajetória política, The Economist chama Bolsonaro de “Trump dos Trópicos”.
'Economist' diz que Brasil dá 'lição de democracia' para os EUA com julgamento de Bolsonaro
A reportagem diz que o “golpe tentado por Jair Bolsonaro fracassou por incompetência, e não por intenção”. Ainda adianta que “provavelmente, o ex-presidente brasileiro e seus aliados serão considerados culpados pela trama golpista pelo Supremo Tribunal Federal (STF)”.
As ações da família Bolsonaro, incluindo a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos, fizeram com que o governo americano impusesse tarifas de até 50% em produtos brasileiros. Além disso, houve a aplicação da Lei Magnitsky em pessoas consideradas como “algozes” de Jair Bolsonaro, a qual se inclui mais especificamente o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Na publicação, a revista afirma que o Brasil dá uma aula de “maturidade democrática” ao julgar quem quis dar um golpe na sua democracia, ainda com memórias da ditadura militar.
“Um dos motivos pelos quais o Brasil promete ser diferente de outros países é que a memória da ditadura ainda está fresca. Ela restaurou a democracia em 1988. O Supremo Tribunal Federal, moldado pela "Constituição Cidadã" promulgada na época, ainda se vê como um baluarte contra o autoritarismo”, afirma The Economist.