Ginásio Pernambucano celebra 200 anos de história na educação pública com programação especial
Festejos começam nesta segunda (1º) com missa na Basílica do Carmo e seguem na terça-feira (2) na escola
No coração do Recife, entre ruas históricas e às margens do Capibaribe, ergue-se o “gigante vermelho da Rua da Aurora”. Fundado em 1825 na Basílica do Carmo, o Ginásio Pernambucano é a escola pública em funcionamento mais antiga do Brasil e desde 1866 ocupa o edifício neoclássico que se tornou um dos marcos arquitetônicos da cidade, carregando em seus corredores dois séculos de memórias celebradas neste 1º de setembro, aniversário de 200 anos da instituição.
Para o gestor da instituição, Antônio Ferreira Rosa Júnior, o bicentenário simboliza a força de uma escola que se mantém atual sem perder de vista seu legado.
“Ao longo de 200 anos, o Ginásio foi pioneiro em várias áreas, desde a limitação dos castigos físicos no século XIX até a implantação do ensino integral, em 2004. Esse modelo hoje é realidade em mais de 70% da rede estadual”, destaca.
Inovação
O ensino de línguas sempre esteve entre as marcas do colégio. Ainda no Império, o Ginásio oferecia latim, francês e inglês. Hoje, os estudantes têm acesso a quatro idiomas: português, inglês, espanhol e alemão. “É a única escola da educação básica no Estado que mantém essa diversidade de idiomas, mantendo viva uma tradição que nos diferencia”, explica o gestor.
Além da carga acadêmica, o Ginásio busca dialogar com os desafios contemporâneos. A escola mantém três núcleos de estudos: Afro-brasileiro, de Gênero e de Ciências e Inovação Tecnológica.
“Esses espaços garantem que os alunos tenham contato com temas que atravessam a sociedade atual, como diversidade, respeito e produção de conhecimento científico. É uma forma de conectar tradição e presente”, afirma Antônio Ferreira.
Memória
A memória dos ex-alunos também é cultivada. Clarice Lispector, Ariano Suassuna, Josué de Castro e Joaquim Nabuco são alguns dos nomes que passaram pelo colégio.
O grêmio estudantil leva o nome de Jonas José, ex-aluno morto durante a ditadura militar, e as salas foram rebatizadas em homenagem a personalidades que marcaram a trajetória da escola.
“Mostramos aos estudantes que eles são parte de uma história em movimento. Olhar para esses exemplos do passado ajuda a inspirar o futuro”, ressalta.
Programação
As comemorações do bicentenário começam nesta segunda-feira (1º) com uma missa de ação de graças na Basílica do Carmo, aberta ao público. Na terça-feira (2), a programação continua na sede da escola, com uma agenda que inclui exposição especial no Museu Luiz Jacques Brunet — o único museu escolar do Estado —, lançamento de livros, recital de poesias e a peça O Santo e a Porca, encenada pelos próprios estudantes. O dia será encerrado com uma sessão solene às 15h, no pátio do colégio.
Revitalização
O aniversário chega em meio a um processo de revitalização. Após anos sem reformas estruturais, o Ginásio passa por uma restauração orçada em R$ 7 milhões, autorizada pelo governo estadual.
O projeto prevê obras no telhado, acessibilidade, climatização e melhorias de segurança. “É um cuidado necessário para garantir que esse patrimônio histórico e educacional continue vivo por muitas décadas”, avalia Antônio Ferreira.
A obra de requalificação será executada em três etapas e tem previsão de início para o segundo semestre deste ano, sem prejudicar o calendário letivo dos estudantes.
“O time do Governo de Pernambuco está totalmente empenhado em garantir a preservação do patrimônio histórico do Estado. O Ginásio Pernambucano representa a história viva, pulsante, sendo responsável pela formação de gerações que aqui nasceram ou viveram, e chega ao seu 200º aniversário recebendo o cuidado que merece”, afirmou a governadora Raquel Lyra.