COMISSÃO

Lupi avisa CPI do INSS que poderá depor na próxima segunda-feira

Presidente do colegiado afirmou que ex-ministros que não responderem ao convite serão convocados

O ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi - Bruno Peres/Agência Brasil

Um dos principais alvos da CPI do INSS, o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT) afirmou ao Globo que vai prestar depoimento ao colegiado na próxima segunda-feira (8). O escândalo dos descontos indevidos levou à demissão de Lupi do comando da pasta, em maio.

Antes, ele se viu desautorizado publicamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando foi anunciada a demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. A decisão não foi comunicada previamente ao ex-ministro.

Pouco antes de Lupi informar quando compareceria ao colegiado, o ex-ministro foi indiretamente cobrado pelo presidente da CPI, o senador Carlos Viana (Podemos-MG), ao abrir a sessão desta segunda.

Convidado a depor, Lupi não havia cravado a data. Viana lembrou que, embora ex-ministros tenham sido convidados a prestar esclarecimentos, aqueles que não derem resposta serão convocados. O critério adotado é priorizar a oitiva dos ex-ministros mais recentes, o que aumentava a necessidade de ouvir Lupi, já que se trata do chefe da pasta da Previdência quando o esquema foi descoberto.

— A secretaria entrou em contato, mas não recebeu as datas em que os ex-ministros virão. Insistiremos em mais uns dias e, sem respostas, transformaremos em convocação a vinda daqueles que não responderem — disse.

Ainda nesta segunda, a CPI do INSS vai ouvir o advogado Eli Cohen, responsável pelas primeiras denúncias sobre as fraudes no órgão. Com o depoimento dele, os parlamentares esperam ter um detalhamento sobre a origem de documentos e provas colhidas, além de entender como empresas privadas podem ter participado das fraudes no instituto.

Já o depoimento de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “careca do INSS”, é descartado no momento, embora a Comissão já conte com requerimento aprovado para ouvi-lo.

— Ele só será chamado quando tivermos embasamento para aprofundarmos um depoimento. Antes dele, queremos ouvir ex-ministros, servidores públicos da Controladoria Geral da União, Dataprev e Ministério da Previdência — disse Viana.

Ele é apontado como operador central, responsável por intermediar as relações entre associações fraudulentas e servidores públicos. Relatórios da PF indicam que Antunes movimentou R$ 53 milhões em valores oriundos de entidades sindicais e empresas relacionadas, muito acima da renda mensal de R$ 24 mil que declarava oficialmente. Parte desses recursos teria sido usada para comprar presentes a dirigentes do INSS, como um veículo Porsche de R$ 500 mil transferido para a esposa de um procurador do órgão.

Ainda nesta semana, membros da CPI devem se encontrar com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para tratar de requerimentos que pedem a quebra de sigilo sobre entradas e saídas de investigados no Congresso.

Na última semana, requerimentos sobre as visitas de Careca do INSS a senadores não chegaram a ser votados, já que visitas a senadores já foram colocadas sob sigilos diante do argumento de que isso infringiria a imunidade parlamentar.

— Precisamos conversar com Alcolumbre e mostrar que esses dados são fundamentais para as investigações — completou Viana.