Política

Barroso defende serenidade no julgamento de Bolsonaro

Por ser o presidente do Supremo, Barroso não participa do julgamento, que acontece na Primeira Turma da Corte

"Polarização sempre existiu e sempre vai existir. Não é o problema. O problema é o extremismo", disse Barroso - Rafael Furtado / Folha de Pernambuco

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, afirmou, ontem, em entrevista a jornalistas após um evento no Rio de Janeiro, que o julgamento do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), marcado para acontecer nesta terça-feira (2), deve ser conduzido com serenidade e sem medo de “interferências, venham de onde vierem”, referindo-se a possíveis novas retaliações do governo dos Estados Unidos.

“O papel do Judiciário é julgar os casos que lhe são apresentados, compreendendo o que diz a Constituição e o que diz a legislação. Sem interferências, venham de onde vierem. O STF está lá para cumprir uma missão, que é uma missão difícil, mas é também a missão de servir ao Brasil da melhor forma possível”, disse Barroso.

Por ser o presidente da instituição, Barroso não participa do julgamento, que acontece na Primeira Turma da Corte. Além do relator, ministro Alexandre de Moraes, o colegiado é composto por Cristiano Zanin, presidente da turma, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Luiz Fux.

O julgamento de Bolsonaro ocorre em meio a uma série de sanções impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump (Partido Republicano), em reação ao avanço da ação contra o ex-presidente. Oito dos 11 magistrados do STF tiveram seus vistos para os EUA suspensos e Moraes foi punido com base na Lei Magnitsky.

Na conversa com jornalistas, o presidente do STF afirmou ser preciso distensionar o país. Além disso, disse serem “compreensíveis” as tensões em torno do julgamento. “Anormal seria se não houvesse tensão. Nenhum país julga a invasão da sede dos Três Poderes ou a possibilidade de se entender que houve uma tentativa de golpe de Estado por um ex-presidente e seu grupo sem algum tipo de tensão natural”, declarou. “Polarização sempre existiu e sempre vai existir. Não é o problema. O problema é o extremismo”, completou.

Em meio ao clima de polarização política, as forças de segurança do Distrito Federal preparam um forte esquema de segurança para o julgamento de Bolsonaro. Brasília deve ser palco de manifestações contra e a favor da condenação do ex-presidente.