Entenda as acusações contra TH Joias e outros alvos da Operação Zargun
Parlamentar é acusado de usar o mandato para favorecer o Comando Vermelho
O deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, foi preso nesta quarta-feira em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, no âmbito da Operação Zargun, deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público do Rio (MPRJ) e a Polícia Civil, por meio da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco-RJ). A ação, batizada também de Operação Bandeirante, mira a ligação direta entre lideranças do Comando Vermelho (CV) e agentes políticos e públicos.
Uso do mandato para o crime organizado
Segundo a investigação, TH Jóias utilizava o mandato na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) para favorecer o crime organizado. Ele é acusado de intermediar a compra e venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones destinados ao Complexo do Alemão, além de indicar a esposa de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão — apontado como traficante e também preso — para um cargo parlamentar.
Esquema de corrupção e lavagem de dinheiro
As apurações apontam ainda para movimentações financeiras suspeitas em empresas ligadas ao deputado, que chegaram a gerar sucessivos alertas de instituições financeiras. Os investigadores afirmam que os recursos eram usados em um esquema de lavagem de capitais. O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) determinou o sequestro de bens e valores dos investigados, num total de R$ 40 milhões, além do afastamento de agentes públicos e da suspensão de atividades de empresas utilizadas para movimentar os recursos ilícitos.
Alvos da operação
Deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias,
Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o Dudu, assessor de TH Jóias
Alessandro Pitombeira Carracena é o atual subsecretário de Defesa do Consumidor do governo Cláudio Castro. Foi secretário estadual de Esportes e Lazer em 2022, também na gestão atual governo, e antes atuou como secretário municipal de Ordem Pública em 2020, durante a prefeitura de Marcelo Crivella no Rio
Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, liderança do CV
Edgar Alves de Andrade, o Doca, um dos chefes do CV
Manoel Cinquine Pereira, o Paulista, ligado à facção
Também são investigados um delegado da Polícia Federal e policiais militares suspeitos de fornecer proteção e informações privilegiadas à quadrilha
Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, apontado como traficante.
Alcance da operação
Foram expedidos 18 mandados de prisão preventiva e 22 de busca e apreensão, com ações em endereços na Barra da Tijuca, Freguesia, na Zona Oeste, e em Copacabana, na Zona Sul. Na Alerj, policiais federais e procuradores recolheram um malote com apreensões. Até o fim da manhã, o balanço parcial registrava 14 presos. Parte das lideranças do CV será transferida para presídios federais de segurança máxima.
O que disseram as autoridades até agora
O secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, afirmou que a operação comprova a infiltração do crime organizado no parlamento fluminense:
— O deputado eleito para representar a sociedade colocou seu mandato a serviço da maior facção criminosa do Rio de Janeiro. Seja traficante armado na favela ou de terno na Assembleia, a resposta do Estado será a mesma.
Repercussão política
Após a prisão de TH Joias, o Diretório Regional do MDB anunciou a expulsão do parlamentar. O GLOBO procurou o deputado e sua defesa, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.