SAÚDE

Menores de 16 anos serão proibidos de comprar bebidas energéticas na Inglaterra; entenda os motivos

Pesquisadores mostraram anteriormente grande preocupação com os riscos à saúde associados a esse tipo de bebida

Energéticos não poderão ser consumidos por adolescentes na Inglaterra - Freepik

Uma nova decisão do governo do Reino Unido vai proibir a venda de bebidas energéticas que contenham mais de 150 mg de cafeína por litro para menores de 16 anos na Inglaterra. A medida foi tomada devido a uma preocupação crescente com problemas de saúde associados a esse tipo de bebida, como obesidade, dificuldade para dormir e problemas de concentração.

“Como podemos esperar que as crianças tenham bom desempenho na escola se tomam o equivalente a um expresso duplo diariamente? Bebidas energéticas podem parecer inofensivas, mas o sono, a concentração e o bem-estar das crianças de hoje estão sendo afetados, enquanto versões com alto teor de açúcar danificam os dentes e contribuem para a obesidade.”, declara Wes Streeting, secretário de saúde do Reino Unido.

De acordo com defensores da nova decisão, outras ações, como, por exemplo, a restrição de idade para compra de álcool e cigarros, mostraram sucesso anteriormente.

A medida não afeta chás, cafés e refrigerantes que apresentem a quantidade máxima de cafeína. Ainda não foi anunciado pelo governo a partir de quando a mudança passará a valer.

 

Pesquisadores pediram restrição da venda
Uma ampla revisão de estudos, publicada na revista científica Public Health Journal, aponta uma ligação entre o consumo de bebidas energéticas e um risco aumentado para uma série de problemas de saúde, incluindo psicológicos e cardíacos, entre jovens.

Os achados levaram pesquisadores do Centro de Pesquisa Translacional em Saúde Pública da Universidade Teesside e da Universidade de Newcastle, que conduziram a análise, a pedirem que o governo britânico proíba a venda dos produtos para menores de 16 anos.

Na revisão, foram incluídos dados de 57 trabalhos, publicados entre janeiro de 2016 e julho de 2022, que envolveram mais de 1,2 milhão de crianças e jovens, de idades entre 9 e 21 anos, provenientes de 21 países.

“As bebidas energéticas são comercializadas para crianças e jovens como uma forma de melhorar a energia e o desempenho, mas nossas descobertas sugerem que elas estão realmente fazendo mais mal do que bem”, diz a autora principal, Amelia Lake, professora de Nutrição em Saúde Pública da Universidade de Teesside, em comunicado.

Os riscos encontrados no estudo
De forma inédita, a nova revisão encontrou ligações consistentes entre o consumo das bebidas e um risco aumentado para desfechos negativos de saúde mental, como sintomas de ansiedade, estresse, depressão, pânico e pensamentos suicidas.

“Estamos profundamente preocupados com as descobertas de que as bebidas energéticas podem causar sofrimento psicológico e problemas de saúde mental. Estas são questões importantes de saúde pública que precisam ser abordadas”, defende Shelina Visram, também professora da Universidade Teesside e autora do trabalho.

Além disso, o novo trabalho confirmou outros malefícios já apontados por uma revisão anterior feita pelo mesmo grupo, em 2016, como a possibilidade de se desenvolver problemas cardíacos.