opinião

Candidatos ao trono do Brasil

O Brasil, país multifacetado, mistura de raças, credo e cor, três ou quatro países num só, milagrosamente falando português apesar de cercado de vizinhos de língua espanhola, fruto do tratado de Tordesilhas de 1494, surpreende pelas abissais diferenças entre as populações amazônica, nordestina, sulista ou simplesmente agrupando tudo e dividindo o país em apenas duas regiões, Centro Sul e Norte Nordeste.

Mudando de água pra vinho como diz o ditado, nosso comentário de hoje aborda uma constatação de natureza político-eleitoral face a precoce discussão sobre o tema.

Iniciando-se pelo fenômeno Lula, com qualidades e defeitos de qualquer cidadão, o fenômeno explica-se pela semelhança com o Brasil, reunindo em seu perfil de ontem, de origem e de hoje, já calejado pelas experiências que a vida lhe permitiu no convívio com gregos e troianos, mas principalmente com o público alvo de casa, que vai do analfabeto ao letrado, do forró pé de serra nordestino aos amantes do sertanejo e da sofrência, do samba, do frevo, ou como apreciador de um bom churrasco fogo de chão gaúcho, da deliciosa picanha, iniciado com uma cervejinha e finalizada com uma lapada de cachacinha que ninguém é de ferro! 

Ou seja, o fenômeno Lula, Lula 1, Lula 2, Lula 3 e talvez Lula 4, explica-se de forma bem simples, ele é a cara do Brasil, do Brasil todo, de pés no chão, sem comida nem teto, aos satisfeitos de paletó e gravata, de chapéu de rodeio de Barretos, do boi de Parintins animado pelo carimbó e pato no tucupi, sem esquecer nossa buchada de bode nordestina e naturalmente a cana-de-açúcar como pilar de sustentação econômica e social para o Nordeste como um todo e no particular para Pernambuco sua terra natal e berço do Brasil.

Outrossim, é de todo válido e recomendável que surjam na multidão outros postulantes ao trono com perfil nacional, de todos os Brasis, de todos os ritmos, do frevo, do samba, do carimbó, do forró, do sertanejo, do balaio, uai sô, esqueci do tutu de feijão, tem que ser candidato pra todo gosto, não adianta saber preparar hambúrguer ou jogar golfe, tem que ser meio índio, simpático, alegre, gostar de futebol e feijoada, do frio e do calor, da praia e da serra, resumindo, tem que ser brasileiro de corpo e alma, senão não adianta nem tentar.

O candidato ou candidatos, precisam ser merecedores de crédito e credibilidade, nem de direita, de esquerda ou de centro, talvez melhor ser, ou parecer ser ambidestro, de todos os lados, democrata como manda o figurino, fazendo jus aos aplausos e tolerante no contraditório por mais difícil que seja, ou que possa parecer.

O brilhante e saudoso Luiz Fernando Veríssimo não teve a oportunidade de formalizar seu voto secreto, mas insinuou o seu lado antes de partir para a eternidade, legado dos cidadãos especiais, afirmando “Eu não entendo como uma pessoa que enxerga o país à sua volta, vive suas desigualdades e sabe a causa de suas misérias pode não ser de esquerda”, — A despeito de concordar com a sábia observação do formidável Veríssimo, prefiro apostar no lado bom, saudável e honesto fruto da esquerda quanto da direita, se é que existe um lado bom de qualquer lado ou se é pura utopia, melhor ainda se gostar da velha e preciosa cana-de-açúcar, celebrada com tudo que tem direito nesta semana no “Fórum Nordeste”, tendo como anfitrião pela décima quarta vez o empresário, Eduardo Monteiro”, grande amigo da cana e do seu povo.


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