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Dois sindicatos agrícolas franceses qualificam como 'tóxico' o acordo UE-Mercosul

FNSEA e JA pediram ao presidente Emmanuel Macron que "honre sua palavra e expresse publicamente sua clara oposição a este acordo"

O presidente francês, Emmanuel Macron - Ludovic Marin / AFP

O acordo de livre comércio entre os países do Mercosul e a União Europeia continua sendo um acordo "tóxico", disseram nesta quarta-feira (3) dois sindicatos agrícolas da França, FNSEA e JA, que pediram ao presidente Emmanuel Macron que "honre sua palavra e expresse publicamente sua clara oposição a este acordo".

"Ao validar o acordo como está, apesar da promessa de medidas de salvaguarda, a Comissão Europeia claramente dá as costas à sua agricultura. Este acordo continua sendo tóxico, incompreensível e perigoso para os agricultores franceses", escrevem as duas organizações em um comunicado conjunto.

"Não podemos aceitar esta proposta, que não aborda a questão central", disse Arnaud Rousseau, presidente da FNSEA, à AFP.

"A questão principal é: 'ainda podemos importar na Europa produtos feitos com ingredientes ativos proibidos na Europa?'. Essa continua sendo a questão fundamental e, com sua resposta, a Comissão não oferece nenhuma garantia neste momento, e é por isso que continuamos nos opondo à assinatura deste acordo", explicou.

As cláusulas de salvaguarda, reforçadas a pedido da França para permitir a suspensão do acordo em caso de distorções de mercado, dizem respeito apenas às variações de preço e volume, mas não se referem de forma alguma à reciprocidade das normas sanitárias e ambientais, lamentou o líder sindical, citando "a incapacidade da Europa de controlar o que entra" em seu mercado.

"Exigir o cumprimento das normas europeias para todos os produtos agrícolas, incluindo os importados, não é uma opção: é uma linha vermelha", enfatizaram as duas organizações em seu comunicado.

"Agora todos devem assumir suas responsabilidades, começando pelo presidente da República, Emmanuel Macron, que deve garantir que a agricultura francesa não será o fator-chave neste acordo", acrescentaram.