Celso Sabino diz a Lula querer permanecer no governo apesar de ultimato do União Brasil
Ministro disse ao presidente que vai conversar com comando da legenda
O ministro do Turismo, Celso Sabino, disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que pretende permanecer no governo mesmo após o União Brasil dar 30 dias para que o político deixe a gestão petista.
A conversa ocorreu no Palácio da Alvorada nesta quarta-feira, durante um almoço do qual também participaram o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e os ministros Waldez Góes (Integração Nacional), Frederico Siqueira Filho (Comunicações) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais).
De acordo com relatos, Sabino deixou claro a Lula o desejo de seguir à frente da pasta e afirmou que irá conversar com o comando da sua legenda.
Na terça-feira (3), as cúpulas nacionais do PP e do União Brasil decidiram vão proibir todos os filiados de ocuparem cargos no governo, o que afeta o futuro de Sabino e do ministro do Esporte, Andre Fufuca (PP) no governo. O presidente do União Brasil, Antônio Rueda, afirmou que, em caso de descumprimento da determinação, haverá afastamento dos filiados da legenda.
— Em caso de descumprimento desta determinação, se dirigentes desta federação em seus estados, haverá um afastamento em ato contínuo. Se a permanência persistir, serão adotadas as punições disciplinares previstas no estatuto — disse Rueda.
Também indicações vinculadas ao União Brasil, Waldez Goés e Frederico Siqueira Filho não serão atingidos pela decisão da legenda. Além de não serem filiados, ambos foram apadrinhados por Davi Alcolumbre. Goés e Siqueira Filho também usaram o encontro para reforçar compromisso com a gestão petista.
Durante o almoço, Lula voltou a cobrar os ministros do União Brasil, pediu que eles se empenhassem em acelerar entregas e cobrou compromisso com o governo. Como já tinha feito na reunião ministerial da semana passada, voltou a pedir que os ministros façam uma defesa mais enfática da gestão petista frente às críticas de partidos do Centrão.
O desejo de Celso Sabino em permanecer no governo também está ligado as suas pretensões eleitorais em 2026. Deputado federal pelo Pará, Sabino tem planos de concorrer a uma vaga ao Senado pelo Pará em 2026 na chapa com o governador Helder Barbalho (MDB).
De acordo com interlocutores, Lula já teria sinalizado a Sabino que o apoiaria na disputa. Em 2022, Lula venceu a disputa presidencial no Pará com 54% dos votos.
Antes mesmo do ministro verbalizar ao presidente seu desejo de permanecer no cargo, o entorno de Lula já avaliava como improvável que Celso Sabino deixe o cargo a menos de 70 dias para a realização da COP 30 em Belém. Nesta semana, enquanto o União Brasil se rebelava contra o governo, Sabino voltou sua agenda seu estado: na terça-feira esteve na 1ª Conferência de Turismo de Curionópolis e Serra Pelada e em Tomé-Açu para conhecer uma cooperativa.
Na avaliação de auxiliares de Lula, os cenários regionais de Fufuca e Celso Sabino pesam mais que os acordos nacionais dos dirigentes das suas legendas e de que ambos ainda querem ter o petista em seus palanques no ano que vem. Para essa ala, o próprio cenário econômico, com inflação em queda e preço de alimentos baixando, além da popularidade de Lula crescendo, também pesa na avaliação dos ministros para permanecerem.