BRASIL

CPI vota requerimentos e ouve diretora da CGU que investigou fraude de descontos do INSS

Parlamentares querem dados sobre a Associação Mutualista de Benefícios Coletivos

Instalação da CPI Mista do INSS no Congresso Nacional em 20 de agosto - Saulo Cruz/Agência Senado

A CPI do INSS vai ouvir, nesta quinta-feira, a diretora de previdência da Controladoria-Geral da União (CGU), Eliane Mota. Através do depoimento dela, o colegiado tenta esclarecer detalhes sobre as auditorias feitas pela CGU em relação a descontos do INSS. Em mais de uma ocasião, no ano passado, a CGU alertou o INSS sobre descontos indevidos.

Já em um relatório da CGU divulgado em maio deste ano, o órgão aprofundou as evidências das supostas fraudes no INSS ao identificar indícios de inclusões irregulares em massa de descontos desde 2016, com mais intensidade nos anos de 2018, 2023 e 2024. O relatório apontou 59 situações "em que houve ao menos 50 mil inclusões de descontos em benefícios por uma mesma entidade" em um único mês, o que levanta suspeitas porque significaria a média de 2.500 autorizações de descontos de beneficiários do INSS por dia útil.

A CPI também votará 56 requerimentos de informações a diferentes órgãos. Um deles pede para que o ministro da CGU, Vinícius Marques de Carvalho, envie dados sobre a Associação Mutualista de Benefícios Coletivos (Ambec).

 

Na sessão na última segunda-feira, o advogado Eli Cohen, um dos primeiros a descobrir o esquema de descontos indevidos em aposentadorias, apresentou números que comprovariam o "crescimento vertiginoso" da Ambec entre 2021 e 2024. O faturamento da associação teria somado R$ 178 milhões entre 2019 e 2024.

O inquérito da Polícia Federal também cita que Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, atuaria como procurador da associação. Careca é apontado como operador central, responsável por intermediar as relações entre associações fraudulentas e servidores públicos.

Relatórios da PF indicam que Antunes movimentou R$ 53 milhões em valores oriundos de entidades sindicais e empresas relacionadas, muito acima da renda mensal de R$ 24 mil que declarava oficialmente. Parte desses recursos teria sido usada para comprar presentes a dirigentes do INSS, como um veículo Porsche de R$ 500 mil transferido para a esposa de um procurador do órgão.