Saúde

Doença mortal do barbeiro está aumentando nos EU, alerta CDC; veja os casos no Brasil

Novo relatório expõe preocupação de pesquisadores com a expansão da doença

Inseto transmissor da doença de Chagas - Fundação Oswaldo Cruz

O inseto conhecidos como barbeiro ou chupão (que pode ser da espécie Triatoma infestans ou de outras mais de 300) tem se tornado um problema de saúde pública cada vez maior nos Estados Unidos, como alertam os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC na sigla em inglês).

De acordo com um relatório publicado pelo CDC na revista científica Emerging Infectious Diseases neste mês, a doença de Chagas, transmitida pelo barbeiro, pode ser considerada endêmica no país.

"A maioria das pessoas que vivem com a doença de Chagas desconhece seu diagnóstico, muitas vezes até que seja tarde demais para receber um tratamento eficaz", alerta a epidemiologista de doenças infecciosas Judith Currier, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, em comunicado.

O barbeiro transmite o parasita Trypanosoma cruzi durante a sua alimentação. Ao terminar de se alimentar, o percevejo defeca, colocando o Trypasonoma em contato com a ferida e a pele da vítima.

Quando a pessoa coça o local da picada, ela inadvertidamente esfrega o parasita na ferida, e é assim que ele entra na corrente sanguínea. Dessa forma, a doença se desenvolve em duas fases na pessoa contaminada: a aguda e a crônica.

É estimado que pelo menos 8 milhões de pessoas estejam infectadas na América Latina, mas a maioria não sabe, como aponta o CDC.

Os pesquisadores defendem que por conta do aumento das temperaturas, como efeito do aquecimento climático, outros locais estão se tornando ambientes favoráveis para o desenvolvimento de diferentes espécies de barbeiros.

Além disso, eles argumentam que a alta ocorrência de Chagas em cães domésticos e a presença contínua do parasite na vida selvagem indicam que a doença se tornou uma presença constante nos EUA.

"Atualizar o status de endemicidade da doença de Chagas como hipoendêmica é um passo crucial em direção a um modelo de gestão mais eficaz, que aborde os desafios e complexidades únicos deste país em relação às doenças transmitidas por vetores", conclui o documento que defende a atualização do status da doença para endêmica nos EUA.

Casos no Brasil
No Brasil, a doença de Chagas é endêmica e novos casos são registrados todos os anos especialmente em municípios do Pará. Desde 2007 até 2023, o país registrou 4650 casos da doença em sua forma aguda e 5564 casos da doença em sua forma crônica, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.

O perfil demográfico daqueles mais afetados pela fase aguda é de, homens (53,55%), pardos (78,88%) e com idade média de 33 anos. Enquanto, a fase crônica apresenta incidência maior em mulheres (56,61%), pardas (49,86%) e com idade média de 61 anos.