Política

PL recua e decide não expulsar deputado que defendeu Moraes

Expulsão chegou a ser anunciada por Valdemar Costa Neto, mas partido defende agora 'liberdade de expressão'

Em nota, o Conselho de Ética do PL disse que o deputado "agiu dentro dos limites do direito à liberdade de expressão, apesar da sua opinião ser divergente dos seus colegas de partido" - Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Após ter a expulsão anunciada pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o partido recuou e decidiu apenas aplicar uma advertência e não expulsar o deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP) do partido.

Valdemar disse no final de julho que o parlamentar seria expulso por criticar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e defender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

“A pressão da nossa bancada foi muito grande. Nossos parlamentares entendem que atacar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é uma ignorância sem tamanho”, tinha declarado Valdemar.

Em nota, o Conselho de Ética do PL disse que o deputado “agiu dentro dos limites do direito à liberdade de expressão, apesar da sua opinião ser divergente dos seus colegas de partido” e que entendeu “que sua manifestação está protegida pela Constituição Federal”.

“Concluiu assim o Conselho de Ética do Partido Liberal que não havia fundamento legal para a instauração de processo ético-disciplinar contra o Deputado Antonio Carlos Rodrigues, sendo a medida mais adequada, considerando os fatos, advertir o Deputado, recomendando não reincidir nesse tipo de conduta”, completa o partido.

Na declaração que motivou o imbróglio, Antonio Carlos Rodrigues classificou como “absurda” a aplicação, pelo governo de Trump, da Lei Magnitsky, mecanismo que permite sanções a autoridades estrangeiras, contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.

"É o maior absurdo que já vi na minha vida política. O Alexandre é um dos maiores juristas do país, extremamente competente. Trump tem que cuidar dos Estados Unidos. Não se meter com o Brasil como está se metendo", disse em entrevista ao Metrópoles em julho.

Não é a primeira vez que o deputado vai na direção oposta aos comportamentos dos parlamentares bolsonaristas do PL. Diferente da maioria de seus colegas de partido, ele votou contra o marco temporal das terras indígenas, foi um dos poucos deputados do partido a não assinar o pedido de urgência da anistia aos condenados pelo 8 de janeiro e votou a favor de iniciativas de interesse do governo, como o arcabouço fiscal.

Apesar disso, o parlamentar é um dos quadros tradicionais do partido e é mais ligado ao Centrão, sendo próximo do próprio Valdemar. Ele já era filiado à legenda antes do embarque do ex-presidente Jair Bolsonaro na sigla, em 2022.

Antonio Carlos já foi ministro dos Transportes no governo da ex-presidente Dilma Rousseff de 2015 a 2016 e foi suplente da petista Marta Suplicy no Senado.

O deputado é considerado um dos nomes de confiança de Valdemar Costa Neto e chegou a presidir nacionalmente a legenda de 2016 a 2018, período em que Valdemar estava recluso por conta do desgaste sofrido com sua condenação pelo caso do Mensalão.