Estados Unidos

EUA apresenta novo plano de saúde para combate de doenças crônicas

O novo relatório de 20 páginas destaca muitas das causas emblemáticas de Kennedy: revisar o nível de flúor na água potável, repensar os calendários de vacinação infantil ampliando as isenções parentais e semear dúvidas sobre os antidepressivos

O secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr - Alex Wroblewski / AFP

O secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., apresentou nesta terça-feira (9) o aguardado plano do governo de Donald Trump para abordar doenças crônicas, que propõe uma melhor nutrição, um escrutínio mais rigoroso da publicidade médica e até mesmo um novo esforço para aumentar a fertilidade.

O plano deixa de lado, por ora, as propostas de restringir diretamente os alimentos ultraprocessados ou os pesticidas, prioridades de longa data do movimento Make America Healthy Again (Faça os EUA saudáveis novamente, MAHA na sigla em inglês) de Kennedy. Essas omissões são vistas como uma vitória para as indústrias de alimentos e de agricultura.

Posteriormente, Trump assinou um memorando que ordena às agências ampliar a vigilância sobre as regras já existentes na publicidade de produtos farmacêuticos online, a fim de conter afirmações enganosas.

Kennedy havia pedido anteriormente a proibição total do marketing de medicamentos.

O novo relatório de 20 páginas destaca muitas das causas emblemáticas de Kennedy: revisar o nível de flúor na água potável, repensar os calendários de vacinação infantil ampliando as isenções parentais e semear dúvidas sobre os antidepressivos.

Muitas dessas posições estão muito distantes da medicina convencional, em particular no que se refere às vacinas.
 

Outras ideias chamativas do relatório incluem uma campanha educativa sobre fertilidade do MAHA — que reflete as preocupações da direita com a queda das taxas de natalidade — e um chamado para investigar a "radiação eletromagnética", aparentemente uma referência ao uso de telefones celulares.

Os críticos disseram que o relatório carecia de detalhes, mesmo em áreas que contam com amplo consenso, como enfrentar a dependência dos Estados Unidos da comida industrializada.

Outra seção pede uma definição, em nível governamental, de alimentos ultraprocessados, mas não especifica quais passos deveriam ser seguidos.

"Esta é uma grande oportunidade. Realmente gostaria que eles a tivessem aproveitado", disse Marion Nestle, professora emérita de nutrição da Universidade de Nova York, à AFP.

O relatório afirma que o governo quer aumentar as taxas de amamentação, reduzir os testes em animais e promover a inovação no mercado de protetores solares, no qual os Estados Unidos estão atrasados em relação a outros países.

Sobre o uso de pesticidas, o relatório, por um lado, evoca o possível uso de "tecnologia de precisão" para "reduzir os volumes de pesticidas", enquanto em outros trechos pede desregulamentação para ajudar a levar mais rapidamente ao mercado "produtos químicos e biológicos para proteger contra ervas daninhas, pragas e doenças".