Filhos de Bolsonaro pegam carona nos argumentos de Fux e pedem anulação do processo da trama
Flávio, Eduardo e Jair Renan elogiam falas do ministro para defender o pai
Os filhos de Jair Bolsonaro pediram a anulação do julgamento que investiga a participação do ex-presidente na trama do golpe, após o ministro Luiz Fux votar pela falta de competência do Supremo Tribunal Federal para apreciar a ação penal.
Flávio, Eduardo e Jair Renan se apoiam na tese de que o processo deveria ter sido julgado pelo Plenário e não pela Primeira Turma, e veem nas falas de Fux um caminho para reverter a eventual condenação.
O senador Flávio Bolsonaro declarou que há “nulidades incontestáveis” no processo, enquanto o vereador Jair Renan reforçou que o julgamento configura uma “inquisição”.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro, por sua vez, citou uma frase do próprio ministro:
— Já houve casos em que o STF anulou processos inteiros por incompetência. Aqui, estamos diante de uma incompetência absoluta, impossível de ser ignorada — repetiu o filho do ex-presidente.
Nenhum dos três filhos acompanha a sessão com o pai, que cumpre prisão domiciliar em Brasília. Flávio está em compromissos no Senado; Jair Renan em, em Balneário Camboriú (SC), e Eduardo nos Estados Unidos desde fevereiro.
Nos bastidores, aliados próximos de Bolsonaro celebram o voto do ministro, avaliando que ele dá fôlego à defesa do ex-presidente para recorrer em caso de condenação. Apesar disso, Bolsonaro mantém certo pessimismo, prevendo que a responsabilização deve ocorrer.
Pessoas próximas à família afirmam que o ex-presidente, embora tente manter a calma diante dos aliados, manifesta preocupação com cenários mais graves, como a possibilidade de ser levado à Papuda. Ele tem sido tranquilizado por assessores que apontam alternativas menos drásticas, como presídios militares ou a sede da Polícia Federal.
Bolsonaro tem adotado uma estratégia de reclusão, sem comparecer ao julgamento e evitando aparições públicas no portão de sua residência. Com a saúde debilitada, ele busca permanecer em prisão domiciliar, já que eventuais aparições poderiam ser interpretadas pela Corte como indicação de que poderia ser conduzido a um presídio.
Após o voto de Fux, que será concluído nesta tarde, ainda votam os ministros Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Em seguida, a Primeira Turma irá analisar a dosimetria das penas. O julgamento deve ser concluído na sexta-feira.