Em meio a julgamento de Bolsonaro, TRE-SP lança documentário sobre urnas eletrônicas
Filme apresentado no plenário da Corte, nesta quarta, foi produzido pela equipe de jornalismo do tribunal
O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) apresentou, nesta quarta-feira, 10, um documentário intitulado “A verdade das urnas: Justiça Eleitoral no combate à desinformação”.
A cerimônia, que ocorreu no plenário da Corte, teve críticas indiretas à campanha promovida pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados contra o sistema de votação eletrônico desde 2018 — e que se tornou um dos elementos que apoiam a denúncia de tentativa de golpe de Estado pela qual o político está sendo julgado no Supremo Tribunal Federal.
O desembargador José Antônio Encinas Manfré, vice-presidente do TRE-SP e corregedor regional eleitoral de São Paulo, disse que o filme demonstra o nível de confiança no sistema, “em que pesem as sucessivas tentativas de desinformação que insistem em atingir a democracia”.
Já o diretor-geral da Corte, Claucio Corrêa, declarou que o objetivo do documentário é o de trazer à memória “o relato do que a gente vem passando desde 2018”, quando o tribunal precisou “reafirmar o seu papel dentro do processo democrático”.
— Que ele seja uma vacina eficaz, em dose única, para o transtorno que boa parte da sociedade sofre — afirmou o curador da Memória Institucional do TRE-SP, José D’Amico Bauab, referindo-se a conteúdos falsos que atacaram as urnas e a Justiça Eleitoral nas campanhas eleitorais recentes.
O documentário foi produzido pela equipe de jornalismo do tribunal, coordenada por Alessandra Kormann, com apoio do Centro de Memória Eleitoral, representado por José Washington Assis.
O trailer relaciona os ataques de 8 de Janeiro, em Brasília, às informações falsas sobre a confiabilidade do sistema eleitoral que circularam durante anos.
O lançamento contou ainda com uma roda de conversa entre secretários, ex-funcionários e magistrados, em que novamente o alcance da desinformação nos meios digitais foi lembrado como um grave risco.
Mais de um convidado afirmou que os ataques eleitorais, que antes eram apenas mediados pelo tribunal, passaram a ser desferidos contra a Justiça Eleitoral por meio de discursos conspiracionistas, causando uma “crise de legitimidade inédita”. A assessoria do órgão ponderou que as opiniões eram pessoais.