Candidatos ao Nobel da Guerra
Por incrível que pareça mais uma vez o “Estado Democrático de Direito” encontra-se sob fogo cerrado no Brasil, para surpresa nacional, ou pelo menos daqueles que ingenuamente imaginaram, que depois da trágica experiência enfrentada por uma geração inteira nos anos de triste memória da ditadura, não voltaríamos mais a correr riscos dessa natureza, ledo engano, fomos e parece ser que continuaremos sendo atacados em nossa estrutura democrática, que resiliente tenta segurar a barra em relação às tentativas em curso, com liberdade de agressão, ao invés de liberdade de expressão, como seria democraticamente recomendável.
Os últimos acontecimentos globais revelam curiosidade histórica, representada pelas ocorrências nos EUA, com agressões desmedidas as estruturas democráticas do país, com invasão e quebra-quebra no Congresso, gestadas pelo inconformismo com o resultado das eleições, atitude que por ironia do destino mostrou-se eficiente na sequência dos acontecimentos, que finalmente levaram o insistente candidato ao êxito em suas pretensões.
Os fiéis seguidores do modelo do gestor americano, de espírito belicista extremado, amante da guerra, tanto como expressão para rebatizar departamentos como “escritórios da guerra”, quanto ameaças à guerra de fato, com milhares de mortes e sequelas, para exibir força e insanidade radical a amedrontar o mundo, indiferente ao sofrimento alheio, professor de táticas e fórmulas de ataque e intimidação aos aparentemente mais frágeis e vulneráveis, desprezo a qualquer atitude de cunho humanitário, professor de crueldade aos seus fieis seguidores, de casa ou visitantes.
Parte do Brasil em surto psicótico no dia comemorativo da independência nacional, promove movimentos de apoio e adesão ao modelo americano e seus discípulos, processados pela justiça a espera da condenação legal pelos crimes cometidos.
Chega a ser absurdo e irônico, que o pretenso candidato ao “Nobel da Paz” seja um arauto da guerra, ou das ameaças de guerra dentro e fora de casa, como se nunca tivesse ouvido falar da já vivenciada guerra civil, que pode estar sendo perigosamente insinuada em pensamento, palavras e obras, com a anunciada intervenção federal em Estados tidos como contraventores domésticos.
Quanto ao Brasil brasileiro, vê desfilarem nos precoces movimentos de cunho eleitoral, candidatos envoltos na bandeira americana, que deveriam utilizar rapidamente o curto tempo que lhes resta, para pelo menos conhecerem melhor o Brasil, o Brasil por completo, inclusive do Norte, e do Nordeste vitima da seca e principalmente do descaso de muitos anos e não apenas do Sudeste e do Centro-oeste, doutra forma é melhor seguir a sugestão dos grandes cancioneiros nordestinos Luiz Gonzaga e Elba Ramalho presente na canção “Nordeste independente”, ou alternativamente acabar com essa brincadeira e pouca-vergonha de uma vez por todas, e devolver o país aos índios e pedir desculpas aos seus verdadeiros donos.
Como a esperança é sempre a última que morre, haverá de aparecer no soar do gongo alternativa de plantão para qualquer novidade que possa surgir, roubando a cena, preferencialmente nos saudando com um sonoro e fraternal “oxente pessoal, se acalmem” não vamos morrer na praia, bons tempos virão, estejam certos.
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