crítica

PT usará propaganda de TV em São Paulo para elevar tom de crítica a Tarcísio

Material foi produzido antes de Tarcísio ter participado da manifestação favorável ao ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista

Tarcísio é cotado nos bastidores para substituir Bolsonaro nas eleições de 2026. - YouTube/Reprodução/Canal Silas Malafaia Oficial

O PT vai elevar o tom de críticas contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, nas inserções estaduais do partido.

As peças publicitárias vão ter críticas diretas a Tarcísio, que será vinculado ao tarifaço norte-americano, a uma conduta pró-Trump e pró-milionários. A privatização da Sabesp, empresa de águas e saneamento de São Paulo, também estará na mira das peças.

O material foi produzido antes de Tarcísio ter participado da manifestação favorável ao ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, no último domingo, quando o chefe do Executivo paulista elevou o tom, chamou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) de "tirano" e uma bandeira dos Estados Unidos foi erguida sobre os manifestantes.

São Paulo foi o único estado onde a propaganda partidária da legenda foi reservada a fazer embate político com um adversário petista. Nas demais regiões, as peças publicitárias estaduais da legenda serão direcionadas para exaltar feitos do governo Lula e comunicadas a partir do ponto de vista do local.

Lula já reconheceu em reunião ministerial no final de agosto que Tarcísio será um dos seus adversários em 2026 e o PT terá no governador um dos seus adversários preferenciais.

Como mostrou O Globo, apesar dessa estratégia, Palácio do Planalto tem evitado críticas diretas de Lula a Tarcísio, após governador de São Paulo participar do ato favorável ao ex-presidente Jair Bolsonaro no último domingo

Uma ala do governo pondera que a crítica deve ser dosada para não elevar Tarcísio e projetá-lo nacionalmente. Esses auxiliares argumentam que não cabe a Lula, presidente da República, fazer a crítica direta a um governador.

O foco tem sido delegar o embate público a dois dos principais auxiliares de Lula, os ministros Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil) e ao PT.

Rui Costa veio a público em dois momentos na segunda-feira criticar a postura de Tarcísio.

Em uma delas, chamou o governador de "desequilibrado" e em outra disse "nunca ter visto nada parecido" ao se referir ao uso da bandeira dos Estados Unidos em manifestação do Dia da Independência do Brasil.

— O que nós vimos ontem, me desculpe, é uma pessoa desequilibrada, atacando ministros da Suprema Corte, atacando as instituições do país — disse Rui Costa em entrevista à GloboNews.

Ainda no domingo, Gleisi Hoffmann afirmou que Tarcísio estava defendendo "os traidores" da pátria ao participar de um ato favorável a Donald Trump.

"O governador Tarcísio foi à manifestação pró-Trump defender os traidores da pátria e a impunidade de quem tramou um golpe contra a democracia. Precisa entender que "tirania" é o que eles queriam impor ao país, não as decisões do STF no devido processo legal. E o que “ninguém aguenta mais” são as ameaças da família Bolsonaro contra o país", disse a ministra.