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Zap do condomínio de Bolsonaro se divide em dia de julgamento: "Pode comprar cerveja e picanha"

Ex-presidente cumpre prisão domiciliar em condomínio de classe média alta em Brasília

Ex-presidente Jair Bolsonaro em prisão domiciliar - Sergio Lima/AFP

No dia em que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria pela condenação de Jair Bolsonaro na ação da trama golpista, os vizinhos do ex-presidente se agitaram no grupo de mensagens do condomínio onde ele cumpre prisão domiciliar.

O Globo teve acesso às conversas trocadas no residencial de alto padrão, localizado no bairro do Jardim Botânico, em Brasília. Os diálogos revelam um ambiente dividido entre ironia, clima de confraternização e defesa aberta ao ex-presidente.

Nos grupos de WhatsApp, não faltaram mensagens em tom de festa. Um morador perguntou: “Por falar em churrasco, alguém indica um de confiança?” Outro ironizou: “Virou Copa do Mundo.” E houve quem antecipasse o final da partida: “Já comprei a cerveja e a picanha.”

As mensagens foram trocadas antes da conclusão do voto da Cármen Lúcia, que selou a maioria pela condenação a cinco crimes.

Entre os vizinhos, porém, também surgiram manifestações de apoio. Um afirmou que Bolsonaro sempre foi “um bom vizinho” e até “um bom presidente”, lembrando sua rotina comum de idas à padaria e caminhadas pelo condomínio.

Outro comemorou o reforço policial no local: “Aqui já era seguro, agora é o lugar mais seguro de Brasília.” Não faltaram também críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Descondenado”, escreveu um morador.

Mais cedo, Bolsonaro apareceu na garagem da casa, onde cumpre prisão domiciliar com Michelle Bolsonaro e a filha mais nova, Laura. Acenou e sorriu para fotógrafos, sem sinais de abatimento.

Ao longo da semana, o ex-presidente tem acompanhado cada sessão ao lado apenas da ex-primeira-dama, sem a presença dos filhos. Recebeu com alívio a divergência aberta ontem pelo ministro Luiz Fux, que pediu a absolvição da maior parte dos acusados.

Segundo aliados, Bolsonaro chegou a repetir que “o importante é que houve divergência.” A avaliação no entorno é de que o voto de Fux deve ser valorizado como sinal de que o processo não é unanimidade no Supremo.

Advogados já trabalham para usar a manifestação como argumento central em eventuais recursos, enquanto aliados políticos reforçam que a posição do ministro fortalece as pressões pela aprovação da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.