JULGAMENTO

Bolsonaro reagiu com indignação à condenação de 27 anos, dizem aliados

Ex-presidente já esperava decisão desfavorável, mas avaliou desfecho como injusto

Ex-presidente Jair Bolsonaro em prisão domiciliar - Sergio Lima/AFP

O ex-presidente Jair Bolsonaro reagiu com indignação à condenação de 27 anos e três meses de prisão imposta pelo Supremo Tribunal Federal ( STF) por sua participação na trama golpista após as eleições de 2022, dizem aliados próximos.

Segundo relatos, ele já esperava um resultado desfavorável, mas se mostrou revoltado com a pena e classificou a decisão como “injusta”.

Ainda de acordo com interlocutores, o ex-presidente passou o período após o anúncio da sentença em sua residência, acompanhado da ex-primeira-dama Michelle. Os dois teriam orado juntos, em um momento descrito como de reflexão e busca de força para enfrentar o que chamam de “injustiça”.

Fontes próximas dizem que Bolsonaro tem tentado transmitir confiança a quem o cerca, reforçando que pretende recorrer da decisão e se defender politicamente. Ele também teria reforçado que não cometeu nenhum crime e que a condenação é resultado de perseguição política.

Durante o dia, Bolsonaro assistiu à sessão com Michelle. Por volta das 17h, recebeu seu advogado, Paulo Bueno, e seu filho, o senador Flávio Bolsonaro. Com os dois, alinhou os próximos passos da defesa e estratégias de mobilização política.

Aliados descrevem o clima na residência como tenso, mas controlado. Michelle Bolsonaro, segundo fontes, se dedicou a acompanhar o marido e ajudar a manter a rotina. Ele também teve crises de soluço, decorrentes do quadro gástrico que desenvolveu após a facada nas eleições de 2018.

A condenação de 27 anos é histórica no Brasil: é a primeira vez que um ex-presidente é punido por crimes contra a democracia. Para Bolsonaro, dizem aliados, o resultado é duro, mas não foi surpresa completa, pois ele acompanhava de perto os desdobramentos do julgamento e sabia que havia uma maioria formada a favor da condenação.