EX-PRESIDENTE

Confira os bastidores da sessão do STF que selou condenação de Bolsonaro

Saiba como foi o último dia de julgamento na Primeira Turma

Julgamento acontece nesta quinta-feira (11) - Gustavo Moreno/STF

Depois de uma "sessão-maratona" de 13 horas na qual se revelou o voto dissidente de Luiz Fux, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) reabriu os seus trabalhos na quinta-feira mais descansada e em meio à expectativa — tanto pelo histórico de votações quanto pela atenção do público — de que nesta quinta-feira se formaria maioria para a condenação dos oito réus da trama golpista, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Quando a campainha tocou, por volta das 14h22, indicando que a sessão começaria, as atenções se dirigiram à ministra Cármen Lúcia, que com seu voto, o quarto do julgamento, poderia definir o placar e formar maioria pela condenação dos acusados.

Enquanto a magistrada começava a falar, indicando o caminho pelo qual iria, do outro lado da bancada onde ficam os ministros, em frente a Cármen, estava sentado Fux — que se manteve de cabeça baixa durante o voto da colega.

Na plateia da Turma, duas presenças inéditas no julgamento até então: o decano do Supremo, ministro Gilmar Mendes, e a irmã de Cármen Lúcia, Maria Luiza, sentados lado a lado na primeira fileira de cadeiras, em frente à ministra e Alexandre de Moraes.

Num dado momento, Moraes acenou com a cabeça para Gilmar, cuja presença foi vista como sinal de apoio e deferência. O decano integra outro colegiado, a Segunda Turma, e tem voz poderosa no tribunal.

 

Ao longo de toda a tarde, o clima na sala diferiu do observado na véspera. Se na quarta-feira Fux votou "em silêncio", sem comentários dos colegas (a pedido dele), nesta quinta os chamados apartes permearam toda a sessão e permitiram desde uma nova manifestação de Moraes, com direito a slide e vídeo de Bolsonaro no 7 de setembro de 2021, brincadeiras e indiretas com o voto de Fux, que seguiu cabisbaixo.

Na sala mais cheia do que na véspera, onde se podia ouvir conversas baixas também em inglês e espanhol, dando a dimensão da relevância do julgamento dada a presença da mídia estrangeira, foram notadas as ausências dos parlamentares de direita. Ivan Valente e Lindbergh Farias, governistas, assistiram toda a sessão pelo terceiro dia consecutivo.

A postura contida de Fux passou a mudar por volta das 16h54, quando Dino, que senta ao lado dele, cutucou o colega e ambos começaram a conversar em voz baixa e a gesticular, como se estivessem em clima descontraído. Seguiram cochichando ao longo do restante da sessão, que não teve intervalos.

Pouco depois da proclamação do resultado, já com a condenação de Bolsonaro e outros sete réus, o presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, também chegou ao plenário para participar do final da sessão, em mais um gesto de apoio institucional.

Barroso, que primeiro sentou na plateia, ao lado dos advogados de Bolsonaro, logo foi levado para a bancada, e sentou no lugar da secretária da Turma, ao lado de Zanin. A troca de lugares gerou mais uma brincadeira. Moraes disse que pela primeira vez, o presidente do STF assumia a função de secretário: "Um dia histórico".