CPI do INSS

Após prisão de Careca do INSS, CPI vai pedir ao STF para que ele preste depoimento no Senado

Parlamentares querem ouvir suspeito de desvios em aposentadorias na próxima segunda-feira

Instalação da CPI do INSS, - Saulo Cruz/Agência Senado

A CPI do INSS vai pedir ao ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), a condução de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, para depor ao colegiado na próxima segunda-feira. A convocação dele para depoimento já estava aprovada pela CPI, mas Careca e o empresário Maurício Camisotti, suspeitos de participarem de fraudes envolvendo o instituto, foram presos nesta sexta-feira.

A ação, determinada pelo STF, é um desdobramento da Operação Sem Desconto, que apura um esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias e pensões. Segundo o GLOBO apurou, investigadores identificaram risco de fuga e indícios de ocultação patrimonial.

Por identificar o risco de fuga de Careca e Camisotti, a CPI já havia aprovado, no início do mês, um requerimento endereçado ao Supremo no qual pedia a prisão preventiva e a quebra de sigilo deles e de outros suspeitos citados em investigações da Polícia Federal.

O presidente da CPI, o senador Carlos Viana (Podemos-MG), precisou pedir à Polícia Legislativa a intimação dos dois presos desta sexta-feira, diante da dificuldade de encontrá-los. Segundo O Globo apurou, Careca pretendia se manter em silêncio durante seu depoimento. Anteriormente, ele cogitou fazer um acordo de delação premiada.

 

— A CPI já tinha pedido a prisão desses alvos. Para nós, a prisão deles fortalece os trabalhos do colegiado. A advocacia do Senado vai peticionar o André Mendonça para a liberação deles para depoimento — afirmou o relator da CPI, o deputado Alfredo Gaspar (União-AL).

Careca do INSS é apontado como operador central, responsável por intermediar as relações entre associações fraudulentas e servidores públicos. Relatórios da PF indicam que Antunes movimentou R$ 53 milhões em valores oriundos de entidades sindicais e empresas relacionadas, muito acima da renda mensal de R$ 24 mil que declarava oficialmente.

As investigações revelaram que os envolvidos praticaram "os crimes de impedimento ou embaraço de investigação de organização criminosa, dilapidação e ocultação de patrimônio, além da possível obstrução da investigação por parte de alguns investigados." Ao todo, segundo a PF, "estão sendo cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão, autorizados pelo Supremo Tribunal Federal, nos estados de São Paulo e no Distrito Federal".

Após ser preso, Antunes foi levado para a Superintendência da PF em Brasília. De acordo com a investigação, ele teria movimentado R$ 9,3 milhões em repasses destinados a pessoas ligadas a servidores do INSS, entre 2023 e 2024. Procurada, a defesa do empresário não se manifestou até o momento.