No The Town, Camila Cabello fala português, exala latinidade e aposta na sensualidade
Cantora faz passeio dançante por principais músicas de seu repertório, mas derrapa na escolha do figurino, aparentemente desconfortável
Foi com a faixa ''Shameless'' que a cubana-americana Camila Cabello imprimiu seus primeiros minutos no festival The Town. A música, embora tenha seguido seu andamento dramático, ganhou um perfume de batidas de funk aqui e ali. O ritmo faria outra aparição numa rápida passagem por ''Tubarão te amo'', de Mc Ryan SP — que faz um célebre remix da música ''Onda onda (olha a onda)'' da trupe de axé Tchacabum.
Munida de sua latinidade, logo lançou mão de seu hit ''Liar'', com aroma de salsa. Ela agradeceu aos brasileiros, em português, e disse que os amava. De projetos mais recentes, veio ''Baby pink'', numa batida mais alucinada que a faixa anterior, bastante eletrônica. Logo, desceu as escadas do palco para distribuir acenos e carinho para quem estava na grade.
Assim como Luísa Sonza, Camila estava trajada com um belo figurino, focado na sensualidade, mas que parecia bastante desconfortável para quem se propõe a dançar com tanta intensidade (e bem, muito bem, diga-se). O corselet brilhante vez ou outra precisava ser ajustado por ela mesma como forma de não revelar seus seios.
Se o figurino não ajudou, a cenografia foi mais generosa com a cantora de 28 anos. No palco, foi montado um cubo branco, coberto com um tecido translúcido e que pareciam cômodos de uma casa. Foi de lá que ela cantou ''Never be the same'', importante faixa na sua transição do grupo Fifth Harmony para a carreira solo (as outras quatro cantoras, vale dizer, fizeram um ''comeback'' recente, mas Camila, a primeira a sair, não fez parte).
Em ''Used to this'' a cantora seguiu por seu pop carregado nos momentos de exibição de sua extensão vocal. Embora a música tenha um tom sóbrio (e sexy), ela tenta aliviar o clima fazendo piadas — como faz ao dizer que gostaria de “tomar caipirinhas”.
Em ''My oh my'', radiofônica, a plateia ficou a cargo de ajudá-la a cantar justamente a porção de ''My oh my'' que são ditos a cada estrofe, enquanto Camila sensualizava pelas estruturas do palco. A interação funcionou e ajudou a aplacar a monotonia.
Um dos maiores hit da carreira ''Señorita'' perdeu intensidade e surgiu em uma versão mais lenta, quase como um flamenco. A dançante ''Bam bam'', por outro lado, deslizou com mais facilidade, e se mostrou mais energética e parecida com o original.
Ao violão, ela prometeu fazer algo ''especial'' e disse até que se considera ''meio brasileira''. A surpresa era uma versão de ''Ai se eu te pego'', hit global de Michel Teló há mais de uma década. Ao lado de um sanfoneiro, a cantora se embrenhou pelo sertanejo.
A essa altura, só faltava mesmo encerrar — e o jogo acabou ao som do sucesso ''Havana'' e de ''Don’t go yet'', quando já não havia muito mais a dizer.