Mulher é morta após sair de culto no Curado V, em Jaboatão
Horas antes do crime, vítima falou, nas redes sociais, sobre péssima relação com o pai
Uma mulher identificada como Deyse Carolyne Gomes da Silva, de 30 anos, foi morta a tiros no bairro do Curado V, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife. O crime aconteceu na noite da última quinta-feira (18), na Rua Belarmino Silva, onde ela morava.
A vítima levou quatro tiros, que atingiram a cabeça, o pescoço e o abdômen dela. Segundo a família, Deyse voltava de uma igreja evangélica que ficava relativamente longe de onde morava. Ela decidiu ir à congregação por conta de crises de ansiedade.
Problema compartilhado nas redes
Ao longo da quinta, Deyse publicou uma série de vídeos no Instagram, onde se identificava como "estranha terráquea" e dizia que tinha quase 3 mil seguidores. Ela falava sobre o péssimo relacionamento que tinha com o pai, que mora no mesmo bairro. Na primeira imagem, compartilhou um print na qual os dois se desentendiam.
“Quando eu falo que muito mal eu tenho um ‘genitor’, vocês pensam que é frescura, né?”, pergunta ela aos seguidores.
Segundo a família da vítima, ela teria pedido R$ 50 ao pai, que a cobrou juros de R$ 20, porém Deyse possuía apenas a quantia que tinha pedido e disse que pagaria o restante quando tivesse. “E não venha com aumento para o meu lado, não”, disse.
Em um outro print, já de WhatsApp, a filha disse que pagaria ao pai na próxima quarta-feira e que queria se distanciar novamente dele e que seria melhor assim. “Não estou entendendo”, comentou o homem.
Segundo afirmam os familiares, de fato, eles nunca tiveram um bom relacionamento, e o pai já "teria praticado maldades com ela".
No Instagram, a vítima disse que sabia de conversas do pai dela com meninas de 13, 14, 15 e 17 anos, pediu para que a deixassem calada e desabafou: “Se acontecer alguma coisa comigo, minha gente, foi... [nome do pai, que não será identificado]”.
Em outras imagens, a vítima aparece fumando maconha. A família reconhece que ela era usuária de drogas, mas nega que ela teria envolvimento com o tráfico de entorpecentes.
Infância conturbada
Enquanto desabafava nas redes sociais, Deyse relembrou de um episódio vivido quando ela tinha 16 anos e afirmou que o pai havia mandado alguém atirar nela.
“Eu me lembro que, quando ele mandou me tirar de perto de alguém que ia morrer, ele disse: ‘se tiver dois tiros, dá nela também’. Entendeu? E sempre foi assim. Sempre me desejou o mal, mas Deus é quem me guia. Mas eu lhe desejo todo bem do mundo, e se um dia precisar de mim, eu podendo ajudar, eu ajudo, porque é isso. Retribuo o mal com o bem. Agora, é se precisar de verdade, porque se eu ver que consegue viver com as próprias mãos e pernas, vai viver sozinho. Depois eu posso até amar. Posso até cuidar”, declarou ela.
O último culto e a morte
Deyse costumava ir a uma igreja evangélica e, na noite da última quinta-feira, não foi diferente. Ela ainda publicou imagens do último culto ao qual assistiu. Mas, na volta para casa, junto com duas amigas, segundo familiares, visitou uma outra colega.
Quando já seguia para casa, dois homens se aproximaram em uma moto. Elas pensaram que seria um assalto. Os suspeitos não quiseram roubar bens. Atiraram apenas contra Deyse, que morreu no local. Ela deixa o marido, de 24 anos, e duas filhas, uma de 9 anos e outra de 1 ano e 8 meses.
O lamento da família
Diana Manoelly, que é irmã da vítima, conversou com a Folha de Pernambuco. Ela disse não ter contato com o pai de Deyse, porque não é filha dele, e o bloqueou em todas as redes sociais. Mas ela falou da história de luta da vítima.
“Era a base de todos os irmãos dela. Ela era a [irmã] mais velha e nos espelhávamos muito nela. Tinha vários sonhos e era uma pessoa extraordinária, tanto como dona de casa, quanto como pessoa. Ninguém tinha nada de mal para falar dela”, declarou.
Investigações
Por meio de nota, a Polícia Civil de Pernambuco informou que registrou, por meio da Equipe de Força Tarefa de Homicídio Metropolitana Sul, um homicídio consumado e que as diligências foram iniciadas e seguem até o esclarecimento do caso.
Enterro
O sepultamento de Deyse Carolyne Gomes da Silva está programado para acontecer no Cemitério da Muribeca, também em Jaboatão, às 14h30 desta sexta-feira (19).