Estônia

Patrulhas da Otan interceptam três caças russos em espaço aéreo da Estônia

Incidente acontece uns dias depois que a Polônia e Romênia, também membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), denunciaram intrusões aéreas da Rússia

Três caças russos MiG-31 violaram o espaço aéreo estoniano sobre o Golfo da Finlândia na sexta-feira, disse a Estônia, desencadeando reclamações de uma nova provocação perigosa da UE e da OTAN. - Forsvarsmakten / AFP

A Estônia denunciou que três caças russos violaram seu espaço aéreo nesta sexta-feira (19) e a Otan informou que eles foram interceptados, uma ação de Moscou que a União Europeia classificou como uma "provocação extremamente perigosa".

Este incidente acontece uns dias depois que a Polônia e Romênia, também membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), denunciaram intrusões aéreas da Rússia.

O Ministério das Relações Exteriores da Estônia informou que a incursão ocorreu sobre o Golfo da Finlândia, onde três caças russos MIG-31 entraram em seu espaço aéreo e permaneceram lá por 12 minutos.

"A Rússia já violou o espaço aéreo estoniano em quatro ocasiões este ano, o que por si só é inaceitável. Mas a incursão de hoje, da qual participaram três aviões de combate [...], é de uma audácia sem precedentes", declarou o chefe da diplomacia estoniana, Margus Tsahkna, citado no comunicado.

"Este tipo de ato não pode ser tolerado e deve ser sancionado com medidas políticas e econômicas rápidas", acrescentou o chanceler no X.

O primeiro-ministro da Estônia, Kristen Michal, anunciou que solicitará uma reunião de emergência da Otan, em virtude do artigo 4 do tratado, que contempla que os países realizem consultas entre se há riscos à "sua integridade territorial, independência política ou sua segurança".

Uma fonte da aliança militar disse a um correspondente da AFP em Bruxelas que a reunião poderia acontecer no início da próxima semana.

Desde o início da invasão russa contra a Ucrânia, em fevereiro de 2022, foram registrados vários incidentes em países da Otan e da UE.

Nesta sexta-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, acusou a Rússia de expandir sua "atividade desestabilizadora" com as incursões em espaços aéreos.

"Não são acidentes. É uma campanha sistemática da Rússia contra a Europa, contra a Otan, contra o Ocidente", afirmou Zelensky em mensagem na qual pediu uma resposta "contundente".

Por sua vez, o secretário-geral da Otan, o holandês Mark Rutte, exaltou na rede social X a resposta "rápida e decisiva" das patrulhas da aliança militar que interceptaram os caças russos.

A porta-voz da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Allison Hart, afirmou que a aliança respondeu de imediato e assinalou que este "é mais um exemplo do comportamento imprudente da Rússia e da capacidade de resposta" do pacto.

Um funcionário da Otan, que falou sob condição de anonimato, informou que na operação foram mobilizados três F-35 da Itália.

A Rússia ainda não se pronunciou.

"Provocação extremamente perigosa"
A presidente da Comissão Europeia, o órgão executivo da UE, Ursula von der Leyen, afirmou no X que "a Europa apoia a Estônia" diante da última violação do espaço aéreo do bloco.

A chefe da diplomacia do bloco, a política estoniana Kaja Kallas, destacou que esta é a terceira violação do espaço aéreo do bloco em menos de duas semanas.

A ex-primeira-ministra estoniana classificou esta ação como uma "provocação extremamente perigosa" e afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, "está colocando à prova a determinação do Ocidente".

A Polônia denunciou em 10 de setembro que detectou 19 violações de seu espaço aéreo e disse que derrubou drones russos, o que obrigou a mobilização das defesas antiaéreas da Otan.

O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, afirmou que se tratava de uma incursão deliberada, mas a Rússia nega e diz que não foi apresentada nenhuma prova de que os drones eram seus.

A guarda-costeira polonesa informou nesta sexta-feira à noite o "sobrevoo a baixa altitude" de dois aviões de combate russos sobre uma plataforma de petróleo polonês no Mar Báltico.

"Foi violada a zona de segurança da plataforma", escreveram em comunicado publicado no X.

A Polônia tem sido um apoio-chave para a Ucrânia desde o início da invasão russa e, após este incidente, em 13 de setembro, a Romênia, que também é membro da Otan, denunciou que um drone russo entrou em seu espaço aéreo.

O Ministério das Relações Exteriores estoniano informou ter convocado o encarregado de negócios da embaixada da Rússia para protestar contra a violação.

As violações anteriores ocorreram em 13 de maio, 22 de junho e 7 de setembro.

Os países bálticos, todos eles firmes apoiadores da Ucrânia, mas que não possuem aviões de combate próprios, confiaram a vigilância de seu espaço aéreo a outros aliados da Otan, que assumem essa tarefa em turnos. Desde agosto, a missão está a cargo da aviação italiana.