Selic

Após BC manter juros em 15%, número 2 da Fazenda diz que "dose do remédio" preocupa

Durigan afirmou que a previsão de receitas com impostos caiu devido à desaceleração econômica, causada, por sua vez, pela política monetária restritiva

Dario Durigan, secretário executivo do Ministério da Fazenda. - José Cruz/Agência Brasil

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, destacou que o governo está bastante preocupado com a sinalização do Banco Central de que deve manter a taxa básica de juros, a Selic, no nível atual por período "bastante prolongado.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manteve a taxa Selic está em 15% ao ano pela segunda reunião consecutiva.

— Nós temos preocupação sim com a política monetária bastante restritiva — disse Durigan. — Temos muita preocupação com a dose do remédio da política contracionista, que pode trazer maiores prejuízos para a arrecadação e o crescimento.

A declaração foi dada na coletiva do relatório de avaliação de receitas e despesas do 4º bimestre. Segundo Durigan, a queda de R$ 2,4 bilhões na projeção com a arrecadação de tributos reflete à desaceleração da economia, causada, por sua vez, pelos juros bastante restritivos.

— Tem um desaquecimento em função da taxa de juros, que está em patamar bastante restritivo, e já se reflete em vários tributos administrados pela Receita Federal.

Durigan admitiu que há preocupação com a perda de receita devido aos compromissos fiscais deste e do próximo ano, mas garantiu que não há mudança de planos pela Fazenda.

— A desaceleração econômica está dada. A nossa preocupação com relação à receita é grande, porque pode alterar as projeções que a gente vêm contando para 2025 e 2026, mas acho que isso não deve fazer com que a gente mude de trajetória do ponto de vista do que a gente contratou em termos de despesa para este ano ou para o ano que vem.