Presa na Itália, Zambelli diz em sessão na Câmara que 'está muito tempo sem falar português'
Deputada é alvo de um procedimento interno na Comissão de Constituição e Justiça por ter sido condenada criminalmente pelo STF
Presa na Itália e falando por videoconferência à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, a deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) afirmou nesta quarta-feira que enfrenta dificuldades até para se expressar em português.
— Estou muito tempo sem falar português porque não tenho ninguém aqui para falar e tem termos que não lembro e não soube te falar. Mas tenho certeza que meus colegas vão saber me defender aí — disse.
A declaração foi dada após ser inquerida pelo relator Diego Garcia (Republicanos-PR). Zambelli também voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo que levou à sua condenação no Supremo Tribunal Federal. Ela disse estar “exilada” e afirmou acreditar que será solta em breve.
— Eu não estou foragida, estou exilada. Estou em prisão administrativa, não por um crime que cometi aqui na Itália. (…) Estou tranquila por saber que em breve não estarei mais presa, estarei em liberdade — declarou, acrescentando que o mandado de prisão assinado por Moraes é visto como “broma” pelas autoridades italianas.
Questionada pelo relator sobre relatório da Polícia Federal, respondeu que não se recordava:
— Como estou aqui na prisão há 56 dias, minha memória não alcança. Teria que perguntar ao advogado.
O colegiado já ouviu Delgatti e o perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Moraes no TSE. A oitiva de Zambelli antecede a apresentação do parecer, que será votado na comissão antes de seguir ao plenário da Câmara.
Condenada por participação na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com tentativa de adulterar documentos oficiais, Zambelli está afastada do mandato desde que pediu licença de 127 dias, concedida pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Sua vaga é ocupada pelo suplente Coronel Tadeu (PL-SP).
A decisão final sobre a cassação caberá ao plenário da Câmara e exige maioria absoluta dos votos.