opinião

O país da vergonha pronta

O “macaco Simão”, dizia que o Brasil era o país da piada pronta, pode até ser, piada de mal gosto, ou de humor negro, na dúvida preferimos a luz dos últimos acontecimentos denominá-lo “país da vergonha pronta”.

Imaginávamos que o Congresso, representação maior da população, fosse nosso último recurso protetor, nosso verdadeiro “Samu” nos momentos especiais, em que na dúvida nos restava o escudo de proteção democrática, ledo engano, infelizmente, o parlamento foi sequestrado pela apoteose do “Eu” e tão somente do eu inimputável, que sepultou o “Nós”, ingênuos, buchas de canhão, a esconder o ilícito, desmoralizando a Constituição Nacional, mostrando que o crime secreto, secretíssimo para não correr risco de espécie alguma compensa, seja da chamada direita, ou de esquerda, com raras exceções, tem demonstrado serem farinha do mesmo vergonhoso saco, para constrangimento dos tolos e bobocas a imaginar que ainda nos restava um mínimo de decência. 

Toda e qualquer reação ao ilícito perpetrado, chegou tarde, vez que a intenção ou novos atentados à Democracia com maiúsculo podem ocorrer a qualquer momento, não será surpresa, pois o perfil coletivo, aético de nossa representação popular foi revelado, tudo indica que nasceu e vai morrer assim, não tem jeito, triste convicção de que “manda quem pode e obedece quem tem juízo”. 

A chamada “PEC da Blindagem”, acompanhada das coirmãs “PEC da anistia” e “PEC da Dosimetria”, para camuflar a deletéria intenção de perdoar ou atenuar o crime cometido, ou melhor, os crimes cometidos sem pudor ou disfarce, na calada da noite ou até mesmo a luz do dia, valem a pena, e as vítimas que se danem, os que se sentiram desconfortáveis e ameaçados de irem para o xilindró, já fugiram, ou traçam planos mirabolantes para a volta “livres, leves e soltos” ao delicioso poder, através da PEC do compadrio no Olimpo dos deuses. 

A verdade verdadeira é que os sábios ditados populares capturam para ilustrar ou nos alertar para que o que pode advir, — pessoal, “de onde menos se espera daí mesmo é que não sai nada”, já dizia Apparício Torelly o Barão de Itararé, jornalista e humorista brasileiro, indicando que “em certas situações ou de certas pessoas, não se deve esperar grandes novidades ou resultados”. 

Quem sabe se a expressão grafitada num muro de rua no Recife não tinha razão, ao afirmar que a essa altura dos acontecimentos não temos mais o que esperar, e que talvez seja mesmo melhor “devolver o país aos índios e pedir desculpas”, gesto consubstanciado na que podemos denominar como “PEC da Devolução”, ou alternativa menos traumática, devolver a grande nação e seu território continental, à matriz portuguesa, restaurando a dimensão geográfica do império de outrora, antes que outros “greats” e poderosos oportunistas disputem nossa frágil defesa democrática e institucional, praticando o inusitado risco do risco, Deus nos livre, “a esperança é a última que morre!”.


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