opinião

A fome e a insegurança alimentar

De princípio, uma ressalva. Aqui, não há espaço para as conotações político-ideológicas. O partido é o Brasil. A ideologia é ser contra a miséria brasileira e a favor do estômago dos brasileiros. O propósito é a celebração do Brasil ter saído do Mapa da Fome da ONU conforme anúncio feito pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU) no dia 28 de julho, em Adis Abeba, Etiópia. O resultado reflete o patamar abaixo de 2,5% da população em risco de subnutrição ou falta de alimentação suficiente durante o período levantado da média trienal de 2022/2023/2024. 

Comemoramos este resultado e mais, os milhões de brasileiros, brasileiras e brasileirinhos que não mais vivem o drama da fome nem da insegurança alimentar que é não saber, ao acordar, se vai ter o alimento certo para ingerir naquele dia. Portanto, a insegurança alimentar é tão grave quanto a fome. O Brasil consegue, outra vez, uma conquista histórica. Repetindo 2014 e antecipando o que estava previsto só para 2026.
Segundo o relatório da ONU foram mais de 24 milhões de brasileiros a partir da indicação de Escola Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, deixaram a insegurança alimentar. Por sua vez, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à fome – MDS apontam uma redução nos índices de pobreza extrema, em 2023 com queda de 4,4% enquanto o desemprego aponta ter caído em 2024, 6,6%. 

A propósito, os dados mais recentes indicam que o desemprego teve queda de 5,6%, o melhor índice histórico do Brasil, em julho/2025 levantado pelo Pnad Contínuo – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, iniciada em 2012. Cerca de 6,12 milhões de pessoas buscavam vaga no mercado de trabalho para uma população ocupada de 102,4 milhões que auferia um salário médio de R$ 3.484,00, também desde 2012.

É importante saber que a ONU define como desnutrida aquela  pessoa que consome  menos calorias e nutrientes do que é necessário para manter uma vida saudável. Daí, ser muito relevante termos de considerar que mesmo saindo do Mapa da Fome, o Brasil ainda tem 35 milhões de pessoas com dificuldades para se alimentar. É uma forma de insegurança. Seja pela qualidade ou pela quantidade dos alimentos. O que parece, de princípio, uma grande contradição. O Brasil é um celeiro mundial. Um dos maiores produtores agrícolas do mundo. Produtor de commodities. Milho. Soja. Cana de Açúcar, Café, Carnes, Ovos. Recordista de safras agrícolas. Ao mesmo tempo, tem dificuldades para alimentar sua própria população, estimada em mais de 213 milhões de habitantes, nestes 2025.

Aqui, há o aspecto desde o preço dos alimentos, ao mercado que se dirija o produto brasileiro. Sabemos que há uma preferência grande para o mercado externo. De todas as formas, o que temos a celebrar, é o Brasil ter saído do Mapa da Fome em 2025. Refletindo a melhora da insegurança  alimentar e a subnutrição no nosso País. A insegurança alimentar grave foi amenizada com mais empregos e uma melhor distribuição de renda. O Brasil tende a viver dias melhores. Os vasos são comunicantes.

Ainda há cerca de sete milhões de brasileiros em insegurança alimentar severa, outros 28,5 milhões estão em quadros de insegurança moderada ou grave. As crianças têm a aprendizagem prejudicada com desnutrição atrasando o desenvolvimento cognitivo. Inconcebível.


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