Alckmin diz que setor empresarial trabalhou junto com o governo para abertura de diálogo com EUA
Gesto de Trump foi considerado um passo importante; agora governo agora aguarda os próximos passos
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou nesta sexta-feira (26) que o setor empresarial teve papel ativo na abertura de diálogo com os Estados Unidos após a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros. Segundo ele, a iniciativa contou com a colaboração de empresários brasileiros e americanos.
O aceno que indicou disposição para o diálogo ocorreu ocorreu durante a abertura da Assembleia Geral da ONU, quando o presidente americano, Donald Trump, demonstrou disposição para conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, indicando a possibilidade de uma reunião entre os dois chefes de Estado na próxima semana.
— O Brasil tem 201 anos de amizade e parceria com os Estados Unidos. Brasil não é problema para os EUA, é solução — disse Alckmin.
Para o vice-presidente, o gesto de Trump e a postura do presidente Lula representam um passo importante.
— Agora, vamos ter os novos passos para a gente poder avançar ainda mais e fazer o ganha-ganha. Quem ganha é a sociedade, porque estimula competividade — afirmou.
Alckmin ressaltou que Lula sempre defendeu o diálogo e a negociação como forma de resolver impasses comerciais.
— Nós temos é que trabalhar nesse bom entendimento [entre EUA e Brasil]. Acho que foi dado um passo importante entre Lula e Trump, agora vamos ver os próximos passos.
Reversão de expectativas e cardápio de negociações
O aceno de Trump reverteu o clima pessimista que prevalecia até poucos dias atrás, após o tarifaço americano e a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Com a abertura, governo e setor privado brasileiro já trabalham em um cardápio de negociações, que pode vir a incluir minerais críticos e terras-raras, investimentos em data centers e energia renovável, além de setores sensíveis para os EUA, como big techs, etanol e patentes.
Exceções ao tarifaço de 50% já ocorreram em alguns setores como do petróleo, combustíveis, entre outros. O governo brasileiro busca agora ampliar essas isenções para produtos como frutas, café, carnes, máquinas e equipamentos, calçados e pescados. O empresariado brasileiro mantém ceticismo sobre uma redução ampla das tarifas, mas vê com otimismo o restabelecimento de canais diplomáticos. Apesar da abertura, especialistas alertam para a necessidade de cautela.