Luto de uma geração artística
Ultimamente, em todos os campos das artes, temos notícias da perda de muitos talentos, deixando-nos uma sensação quase certa de que a época de ouro, dos grandes artistas parece, estar com seus últimos representantes, notadamente na Sétima Arte.
Em um mesmo fatídico mês, tivemos duas perdas: o ator e diretor Roberto Redford; e a atriz italiana Cláudia Cardinale, que foram mais dois a deixaram um vazio nas telas e no coração do fãs.
O Ator americano, que brilhou em mais de 50 produções cinematográficas, incluindo direção e produção, apesar de tanta contribuição ao Cinema, era mais lembrado como um galã do que propriamente como cineasta.
Suas obras desmentem essa falsa impressão, a exemplo do Premiado “Gente como a gente” (1980), por ele dirigido.
Sempre penso que não se pode avaliar um ator ou diretor do ponto de vista das premiações, principalmente porque antigamente, havia muitos trabalhos merecedores, mas nem todos poderiam ser escolhidos.
Tratando-se de Redford, temos um exemplo de ator que conseguiu desempenhar qualquer papel, sem embaraço, especialmente os conhecidos por “filmes de drama”, gênero que requer muito comprometimento, assim como o da comédia.
As perdas que o Ator experimentou, ao longo de sua vida, certamente alicerçaram seu trabalho de interpretação, o que refuta a impressão que ele próprio tinha, de que sua aparência de galã atrapalhara sua carreira.
Essa “tirada de letra” pôde ser logo sentida, praticamente em sua primeira aparição, na comédia “Até os fortes vacilam” (1960), em que contracena com Anthony Perkins e Jane Fonda, atriz que também o acompanha, no thriller policial, “Caçada humana”, ao lado de ninguém menos que Marlon Brando, sob a direção de Arthur Penn.
Não menos reverenciada nas telas, foi a Atriz italiana, Cláudia Cardinale, que era da mesma geração que Redford, embora tenha começado mais cedo. Pode-se até enxergar em ambos algumas características comuns, que vão além das de serem de uma geração específica, como a versatilidade de papéis e tempo de carreira.
Robert Redford se aposentou em 2018, tendo ganhado o público mais jovem, na pele do vilão Alexander Pierce, em “Capitão América 2”.
Cláudia Cardinale, apesar de ser indissociável da pele da viúva, no Faroeste clássico de Sérgio Leone “Era uma vez no Oeste”, teve suas últimas aparições no Cinema, praticamente na Década de 90.
Esses dois artistas, assim como uma gama de outros que vão se despedindo, tiveram seus momentos de glamour, principalmente nas décadas de 60, 70 e 80, mas também experimentaram o desprestígio, quando o Cinema foi cedendo lugar a produções em que o talento passou a ser posto em segundo plano nas contratações.
Presentemente, como consolo (graças às plataformas de streaming e aos canais de TV por assinatura), ainda podemos ver e rever esses talentos brilhando nas telinhas.
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