Guerra tarifária

Reunião entre Lula e Trump pode ser realizada em território neutro

Presidentes têm agendas em comum em Roma e Kuala Lumpur, onde poderão se encontrar

Trump e Lula discursaram na ONU - Angela Weiss/AFP e Ricardo Stuckert/PR

A reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciada pelo estadunidense na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira, poderá ser realizada em um país neutro, caso ocorra de forma presencial. As informações foram repassadas por interlocutores do governo brasileiro ao jornal O Globo. 

Lula tem, em outubro, viagens marcadas para Roma, onde participa de um evento promovido pela ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO), e para Kuala Lumpur, capital da Malásia, para o encontro dos líderes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Trump também é esperado nos dois encontros, o que poderia facilitar a reunião entre os presidentes. 

No entanto, não está descartada a possibilidade de que Lula volte aos Estados Unidos para se reunir com o presidente estadunidense na Casa Branca, sede do governo, ou no resort de Donald Trump em Mar-a-Lago, na Flórida. O encontro dos dois chefes de estado está sendo preparado por autoridades dos dois países, mas ainda não há definição de formato, local e data.

Nos bastidores, existe um receio de que, indo ao encontro de Trump, Lula receba o mesmo tratamento dispensado ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky e ao presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, que foram humilhados e questionados publicamente. Por isso, alguns defendem que o contato inicial entre os dois seja feito por telefone. 

O anúncio de Trump de que se reuniria na semana seguinte com o presidente brasileiro vem sendo interpretado em Brasília como um recado direto ao Departamento de Estado estadunidense, que, liderado por Marco Rubio, havia aplicado novas sanções a cidadãos brasileiros, incluindo a esposa do ministro do Supremo Tribunal federal, Alexandre de Moraes. 

O gesto também foi visto como o resultado dos esforços diplomáticos iniciados após o aumento em 50% das tarifas sobre produtos brasileiros importados para os Estados Unidos, que anunciados por Trump ainda em julho e aplicados já no mês seguinte. Uma das justificativas para a medida, foi o tratamento do Judiciário ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), julgado por tentativa de golpe.