"Não é verdade que o Focus ouve sempre os mesmos bancos", diz Galípolo
Presidente do BC esteve em evento de lançamento de nova sondagem de indicadores macroeconômicos junto a empresas
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, negou nesta segunda-feira que o boletim Focus, divulgado semanalmente pela autarquia, consulte sempre os mesmos bancos para medir a percepção do mercado sobre indicadores macroeconômicos.
A declaração foi feita durante a abertura do lançamento da pesquisa Firmus, em que o BC ouve empresas para avaliar expectativas sobre inflação, crescimento e outros indicadores. Segundo Galípolo, a proposta é complementar os levantamentos que já captam o sentimento das famílias e consumidores, mas que ainda não incluíam de forma sistemática a visão do setor produtivo.
— Faltava, e muitas vezes essa era uma discussão que extrapolava a discussão exclusivamente acadêmica, e se ouvia muitas vezes um debate público: ‘sempre escuta ali os mesmos bancos’. O que nem é verdade, porque, se você olhar para o Focus, a minoria são bancos.
Ele explica que diversas outras instituições são consultadas para o Focus:
— A gente tem ali um grupo menor de bancos, um grupo maior de assets (gestoras), tem ali pesquisadores, fundos de previdência, tem outros participantes, federações… mas era muito importante que a gente pudesse ter também essa interlocução e esse canal institucional, canal formal, para a gente poder ouvir aquilo que a gente costuma chamar do setor real da economia.
Galípolo acrescentou que os primeiros resultados da Firmus não diferem significativamente dos números captados pelo Focus e estão “muito próximos” das expectativas apuradas junto a instituições financeiras.
O diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, acrescentou que o novo levantamento funciona como um termômetro das empresas não financeiras, permitindo ao Banco Central comparar expectativas de diferentes segmentos. Há também uma complementaridade entre os balanços:
— A Firmus tem mais dispersão. As empresas têm mais opiniões diferentes entre si do que o mercado financeiro. O mercado financeiro é muito mais semelhante na visão sobre expectativas, tanto de inflação quanto de PIB. O que é rico, porque nessas diferenças entre empresas. Por que uma empresa acha que o crescimento vai ser maior do que outra, ou a inflação vai ser maior do que outra? É porque está mais sensível a insumos ligados ao câmbio, ou é porque tem uma mão de obra intensiva? Isso tudo contribui.