NEGÓCIOS

Após proteção judicial contra credores, Ambipar já trabalha com Seneca Evercore como assessora

Consultoria vai mapear dívida da companhia

Ambipar - divulgação

A Ambipar já conta com um assessor financeiro, a Seneca Evercore, trabalhando para mapear a dívida da companhia, afirma uma pessoa próxima ao grupo. Mais adiante, essa tarefa vai evoluir para um plano de reestruturação dos débitos, pilar central do pedido de recuperação judicial, que, diante da complexidade da operação, deve levar até 30 dias para sair.

Nesta segunda-feira, as ações da companhia na B3 registram alta de 22,82%, cotadas a R$ 10,87.

Procurada, a Seneca Evercore afirma que a informação não procede.

Na última quinta-feira, 25 de setembro, a Ambipar conseguiu na Justiça uma medida cautelar que protege o grupo de gestão ambiental contra pedidos de execução de dívidas feitos por credores por 30 dias, prorrogáveis por outros 30.

O pedido de proteção à Justiça, argumentou a companhia, veio após o Deutsche Bank cobrar o pagamento de garantias vinculadas a um empréstimo de US$ 35 milhões e que poderiam disparar um total de R$ 10 bilhões em antecipação de débitos com instituições financeiras.

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A Seneca — que já teria se reunido com representantes da Ambipar, segundo uma pessoa a par das negociações — está entre as líderes em assessoria a fusões e aquisições no Brasil, acompanhando de perto movimentações no mercado financeiro, incluindo operações no mercado de swap de crédito.

O gatilho dos problemas que levaram a Ambipar a buscar a Justiça está justamente aí. Segundo a petição entregue à Justiça pela companhia, a Ambipar fechou contratos de derivativos com o Deutsche Bank para proteger as empresas do grupo de variações cambiais. Eles previam que esse pagamento seria feito ao banco por meio de green bonds (títulos emitidos no exterior) da Ambipar Lux.

No fim de junho, as debêntures (títulos de dívida) e as green bonds somavam 78% da dívida bruta da companhia, então de R$ 10,71 bilhões. Hoje, o total já beira os R$ 15 bilhões, de acordo com essa mesma fonte.

Estretégia no exterior
No mercado, o principal questionamento recai sobre o fato de a Ambipar ter reportado quase R$ 5 bilhões em caixa no fim do segundo trimestre e, ainda assim, ter recorrido à Justiça pedindo proteção contra execuções de credores.

Nas discussões relativas ao preparo do pedido de recuperação judicial ainda não foi batido o martelo sobre qual será a estratégia para as operações da Ambipar no exterior. A companhia atua em mais de 40 países. De início, a visão era de que o ideal seria, após ao início de uma recuperação judicial no Brasil, recorrer ao Chapter 15 nos EUA, para que medidas decididas no processo aqui sejam reconhecidas e replicadas em território americano.

Agora, porém, já se cogita que o processo das operações da Ambipar seja feita por meio do Chapter 11, o equivalente nos EUA à recuperação judicial no Brasil, explica uma fonte próxima à companhia.