Entrevista

"A Escola de Sargentos ainda está de pé porque o ministro é de Pernambuco", dispara José Mucio

Ministro da Defesa garantiu que o projeto avançará nas próximas semanas

José Mucio (D) foi o entrevistado do podcast "Direto de Brasília" - Reprodução: Youtube/Folha de Pernambuco

Um dos temas que mais geraram polêmica nos últimos anos foi a vinda da Escola de Sargentos para Pernambuco. A pauta, que não vem sendo abraçada pela governadora Raquel Lyra, apesar do investimento de R$ 2,2 bilhões, continua hibernando. No entanto, segundo o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, o tema avançará nas próximas semanas e só segue de pé porque ele é pernambucano.

"A Escola de Sargentos não saiu de Pernambuco ainda porque eu sou o ministro e sou pernambucano. É um investimento de R$ 2,2 bilhões, são cinco mil pessoas envolvidas entre alunos e professores, isso vai levar um volume de dinheiro fora de comum para o estado. Não parei um minuto de tratar desse assunto, esta semana tive reuniões, deveremos fazer uma em breve com o pessoal do meio ambiente e estamos avançando muito. Estou muito esperançoso, até o final do ano a gente vira o prego dessa história", revelou José Mucio, em entrevista ao podcast "Direto de Brasília".

O ministro disse ter optado por manter o assunto nos bastidores para "não provocar aqueles que torcem sempre pelo pior". "Vamos ter agora uma reunião com empresários ambientalistas e com o Exército para afinar algumas coisas, para, numa próxima que será a última reunião , já ter a assinatura do acordo de absoluta pacificação e o começo de tudo, com assinatura do presidente Lula (PT), da governadora e do comandante do Exército. Estamos mais perto do que as pessoas pensam. Houve um trabalho silencioso, não paramos um minuto", completou.

Além de Pernambuco, outros dois estados (Rio Grande do Sul e Paraná) poderiam receber o investimento. José Mucio reforçou que a decisão do presidente Lula de descentralizar as ações pesou para que a Escola de Sargentos fosse mantida no Nordeste.

O ministro ressaltou ainda que vem acompanhando a tramitação do PL da Anistia no Congresso Nacional. Ele disse acreditar que será uma oportunidade para "fazer justiça", mas que é preciso trazer o Supremo Tribunal Federal (STF) para a conversa. 

"A dosimetria é justíssima, porque tem os mais culpados e os menos culpados. Por exemplo, um motorista é menos culpado que o assaltante que ele levou para o banco. Tem que ver quem organizou e ter penas diferentes. O caminho será uma dosimetria, evidentemente respeitando posições e trazendo o STF para a conversa", afirmou.

José Mucio pregou respeito às penas impostas pelo STF, que recentemente condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão. "Sou a favor do entendimento, por isso sou péssimo de briga. Bolsonaro foi meu colega de Parlamento, e uma vez me chamou de 'imbrigável', porque ele dizia que fazia de tudo para brigar comigo e não conseguia. Então, tem que ter a turma do 'deixa disso', e eu era desse bloco. Você não pode fazer um acordo onde prevaleça o que você quer e o outro lado saia derrotado. Acordo é quando todas as partes são atendidas e ouvidas. Precisamos encontrar um meio-termo para sair disso, sem que ninguém seja desmoralizado", afirmou José Mucio.

Ele também disse que, quando deixar o ministério, quer esquecer o 8 de janeiro de 2023. José Mucio aproveitou para destacar o papel das Forças Armadas em manter a democracia brasileira de pé.

"Não quero lembrar dessa data. Graças a Deus e às Forças Armadas, aquilo não caminhou para algo pior. Passei aquela noite no comando do Exército, não havia nenhum movimento ou insinuação para que elas participassem. Algumas pessoas entraram com seus CPFs, mas os CNPJs se mantiveram. Foram as pessoas físicas, mas não o Exército. Foi um movimento de pessoas que não aceitaram o resultado das eleições. Nós somos democratas, mas ali se passou da medida, foi um movimento de baderna que, se Deus quiser, nunca mais acontecerá", concluiu o ministro.