Política

Ministros Sabino e Fufuca desafiam partidos e reforçam prestígio junto a Lula

O gesto de ambos, que expõe fissuras no Centrão, foi recebido com irritação pelas cúpulas do UB e do PP, mas com elogios do presidente

Ministro do Turismo, Celso Sabino (UB), chegou a redigir uma carta de demissão, mas recuou após pedido de Lula - Joédson Alves/Agência Brasil

Celso Sabino (UB), ministro do Turismo, e André Fufuca (PP), ministro dos Esportes, decidiram contrariar as diretrizes de seus partidos e permanecer no governo do presidente Lula (PT). O gesto, que expõe fissuras no Centrão, foi recebido com irritação pelas cúpulas partidárias, mas com elogios do presidente, que classificou as pressões contra os dois como “pequenez política”.

A crise começou após PP e União Brasil anunciarem oficialmente o desembarque da base governista e determinarem que seus filiados deixassem os ministérios. Sabino chegou a redigir uma carta de demissão, mas recuou após pedido de Lula. Fufuca ignorou o ultimato do presidente do PP, Ciro Nogueira, e manteve sua agenda ao lado do chefe do Executivo, evidenciando o alinhamento direto com o Planalto.

A lealdade de ambos tem sido recompensada. Lula tem demonstrado publicamente apreço por Sabino e Fufuca, ressaltando a importância das entregas das duas pastas. Segundo o presidente, não há razão para substituições em áreas que “estão funcionando bem”. As atuações bem avaliadas ajudaram a consolidar a imagem de ambos como ministros produtivos e politicamente leais.

A decisão, porém, tem custo alto. A executiva nacional do União Brasil se reúne hoje e irá deliberar pela expulsão de Sabino da legenda. O plano é segurar a conclusão do processo o máximo possível, a ponto de inviabilizá-lo eleitoralmente. Enquanto não for oficialmente expulso, Sabino está impedido de mudar de partido, sob risco de perder o mandato de deputado federal.

Já o PP avalia medidas disciplinares contra Fufuca, que pode perder influência sobre o diretório maranhense. Nos bastidores, dirigentes das duas legendas consideram que a desobediência enfraquece a autoridade partidária e encoraja novas dissidências.

A queda de braço entre os dois partidos e o governo Lula tem relevância política. Hoje, as duas siglas têm o controle da direita no país, R$ 1 bilhão de fundo eleitoral para distribuir aos seus candidatos em 2026 e o maior tempo de TV a oferecer para seu candidato ao Planalto.