SEIS & MEIA

Edson Cordeiro canta Zeca Baleiro e o cancioneiro popular brasileiro no Projeto Seis e Meia

Abertura da noite ficará por conta do cantor e compositor pernambucano Tonfil

Edson Cordeiro - Necka Ayala/Divulgação

Depois de anos, o cantor Edson Cordeiro, uma das mais marcantes e versáteis vozes da música brasileira, está de volta ao Recife para se apresentar no Projeto Seis e Meia, nesta sexta (10), no Teatro do Parque, bairro da Boa Vista.

O artista, radicado na Alemanha desde 2007, vem apresentando no Brasil o show baseado no seu mais recente álbum, “Ouve a Minha Voz” (2024), em que mergulha na obra de Zeca Baleiro, entre canções consagradas, raridades e inéditas, feitas especialmente para o projeto (e para Edson).

Quem abre a noite, às 18h30, é o cantor e compositor Tonfil. O artista de São José do Egito, também dono de um material vocal singular, apresentará canções do seu álbum “Moldura”, acompanhado pelo musicista Valdemar Neto.

Cordeiro canta Baleiro
Contratenor – voz rara entre cantores da música popular brasileira – Edson Cordeiro foi projetado na mídia no início dos anos 1990, após repercutir com sua interpretação de “Der Hölle Rache kocht in meinem Herzen” (“Ária da Rainha da Noite”), da ópera “Die Zauberflöte” (“A Flauta Mágica”), de Mozart.

De lá para cá, o artista construiu uma persona artística que transitou por – e fez confluir – atmosferas estético-musicais distintas, indo da ópera ao rock, da música eletrônica ao samba, da MPB ao cabaré, com maestria.

Essa versatilidade o fez produzir álbuns diversos em gêneros e referências, chegando até o seu 14º trabalho, “Ouve a Minha Voz”, em que se debruça sobre a obra do maranhense Zeca Baleiro. 

Com produção musical de Zeca em parceria com Alexandre Fontanetti (com exceção da faixa “Tango do Cordeiro”, co-produzida por Pedro Cunha), “Ouve a Minha Voz” traz participações de Tetê Espíndola e do pernambucano Almério.

No álbum, Edson explora a versatilidade de sua voz, ampliando o alcance interpretativo das canções de Zeca, imprimindo-lhes novas camadas. A exemplo da faixa de abertura "O Canto em Nós", que traz uma dimensão existencial e política. “A canção começa com 'ouve a minha voz', começa no singular, e logo se transforma em ‘nosso canto’. É uma música que dá voz a quem não tem voz. E eu acredito que, quando a gente tem um microfone, não deve usá-lo só pra falar da gente, mas também da dor do outro”, afirmou.

O trabalho tem canções conhecidas do público, além de raridades da lavra de Baleiro e canções compostas especialmente para o intérprete, como “Tango do Cordeiro”, cuja gravação rendeu a Edson indicação ao Prêmio da Música Brasileira de 2024, na categoria “Melhor Intérprete de Canção Popular”.

Algumas faixas presentes no disco, como “O Canto em Nós”, “Quase Nada”, “Eu Te Admirava Mais” e “Heavy Metal do Senhor” estarão no show que Edson apresentará no Teatro do Parque. Mas, não só.

Cordeiro canta mais
Apesar do foco no novo disco, Edson adianta que o repertório do show no Teatro do Parque será amplo: “Não vou cantar só o repertório do disco novo, vou cantar de tudo um pouco. Quero agradar ao público que me acompanha há tantos anos, cantar músicas que fazem parte da minha história”, afirmou. 

Entre as canções que estarão no show, “Estrela do Mar (Um pequenino grão de areia)”, do repertório de Dalva de Oliveira – “Minha grande professora, minha inspiração absoluta”, diz Edson –, regravada em seu álbum “Zorongo Gitano” (1995); e “Babalu”, clássico na voz de Angela Maria, regravada por Edson e Klazz Brothers no álbum “Klazz Meet The Voice” (2007)

Outra do repertório com gosto especial para Edson é “Saudade da Minha Terra”, clássico da música caipira, da dupla Belmonte e Amaraí – e regravada, posteriormente, por nomes como Chitãozinho & Xororó. 

“É tão importante cantar uma música caipira num momento que eu acho que a música sertaneja tá tão truculenta, tão descaracterizada, tão intoxicada. E é uma poesia do sertão, a partir de quem trabalha nele, né? Não é o ponto de vista do agro, é o ponto de vista da pessoa simples da terra”, declara Edson, que, ao cantá-la, lembra do pai, seu Gentil Cordeiro.

“Meu pai cantava essa música para mim quando eu era criança. Ela fala da poesia do sertão e não da truculência que a gente vê em parte da música sertaneja hoje. É uma canção sobre a simplicidade da terra”, comentou.

“Eu sou um intérprete e a minha profissão é também responsável por fazer com que as canções continuem, que as canções fiquem para sempre”.

No palco, Edson estará acompanhado pelo pianista Eron Guarnieri e pelo percussionista Luiz Guello. “São dois músicos disputadíssimos aqui no Brasil. Foi difícil conseguir a agenda deles, porque são muito requisitados, mas eu quis que viessem comigo. Esse show tem que ser maravilhoso”, contou o cantor, rindo.

Alemanha e Recife
Edson Cordeiro mora na Alemanha desde 2007, mas, garante que nunca se afastou do Brasil. “Muita gente acha que eu fui embora porque o Brasil não me quis. Mas foi o contrário: eu só estou lá hoje porque o Brasil disse ‘sim’ pra mim primeiro. Tudo o que eu tenho, foi o Brasil que me deu”, conta o artista, que tem feito turnês frequentes em seu país.

Porém, ao Recife, faz um bom tempo que Edson não vem. “Estive em Garanhuns, este ano, mas em Recife fazia tempo que eu tava precisando matar a saudade”, confessa. 

Ele guarda lembranças afetivas da Capital pernambucana, onde teve seu primeiro fã-clube oficial, “A Voz do Cordeiro”. “Eles são queridos até hoje. Tenho muitas histórias e muita saudade dessa cidade”.

Sobre a abertura da noite, Edson se mostrou entusiasmado em dividir o palco com Tonfil. “Fui ouvir o trabalho dele e fiquei encantado. Ele tem uma musicalidade e uma herança poética impressionantes. Esse projeto [Seis e Meia] é lindo justamente por isso: em cada cidade, a gente encontra um artista local, e essa troca é muito rica”, destacou.

SERVIÇO
Edson Cordeiro no Projeto Seis e Meia
Com abertura de Tonfil

Quando: Sexta (10), a partir das 18h30
Onde: Teatro do Parque – Rua do Hospício, 81, Boa Vista - Recife-PE
Ingressos: a partir de R$ 100, no Sympla
Informações: @teatrodoparqueoficial