CANAL SAÚDE

Saúde mental em família: o cuidado consigo também é cuidado com o outro

A psicóloga Adriana Moraes explica como o equilíbrio emocional dos pais influencia diretamente a formação afetiva, social e psicológica dos filhos

Foto: Canva

A saúde mental dentro das famílias tem se tornado uma pauta cada vez mais urgente. Construir relações equilibradas entre pais, mães e filhos não depende apenas do afeto, mas também da forma como cada membro da família lida com suas próprias emoções e dificuldades. 


Este foi o tema debatido nesta segunda-feira (13) no quadro Canal Saúde, do programa Conexão Notícias, na Rádio Folha FM 96,7. O âncora Jota Batista conversou com a psicóloga Adriana Moraes, que explicou como o cultivo de hábitos saudáveis e o fortalecimento da inteligência emocional dos pais refletem diretamente no desenvolvimento dos filhos. 


A entrevista completa está disponível no canal da Folha de Pernambuco no YouTube e nas plataformas de áudio.


Assista à entrevista completa abaixo:




De acordo com Adriana Moraes, o modo como os pais enfrentam as situações da vida influencia profundamente o comportamento e o bem-estar emocional dos filhos.


"Os filhos imitam e modelam a sua inteligência emocional através da inteligência emocional dos pais. Essa modelação é uma aprendizagem vicária que ocorre diariamente por meio de um espelhamento."

 

Adriana Moraes, psicóloga


Para a psicóloga, é fundamental que os pais estejam atentos às próprias atitudes e reações diante dos problemas cotidianos. O ambiente familiar pode tanto ser um espaço de crescimento quanto de sobrecarga emocional.


"Se os pais demonstram que estão aterrorizados diante de um cenário e que não têm capacidade de lidar com as adversidades, o filho fica em alerta. Os filhos entendem que, se os pais não estão seguros, eles também não estarão, o que pode evocar grande sofrimento."


Adriana reforça que ter uma vida emocional mais leve não significa ignorar os problemas ou viver numa bolha de positividade. Pelo contrário, trata-se de aprender a encarar os desafios com mais preparo emocional, clareza e equilíbrio.


Ela destaca a importância de se criar uma rotina que favoreça o diálogo, o tempo de qualidade com os filhos e o autocuidado. Quando os adultos cuidam de si, criam um ambiente mais seguro para que os filhos também aprendam a lidar com seus próprios sentimentos.


A especialista também alertou para dois extremos perigosos na educação emocional das crianças: o empoderamento excessivo e a superproteção.


"É preciso equilíbrio no valor dado ao filho, evitando o empoderamento excessivo que leva à 'síndrome do reizinho', onde o filho é visto como o mais importante e determina a vida da família."


Outro erro comum, segundo Adriana, é quando os pais, na tentativa de proteger, acabam limitando a autonomia dos filhos, prejudicando a capacidade de resolver problemas sozinhos.


"Quando os pais envolvem os filhos em um 'invólucro do plástico bolha', resolvendo as situações por eles e dizendo como devem agir, em vez de demonstrar possibilidades de resoluções próprias, eles acabam nutrindo uma desregulação para a vida."